Que Martin Scorsese é um dos diretores mais conceituados dos tempos modernos, a gente já sabe! Mas agora, com O irlandês, idealizado como a obra suprema de Scorsese e um elenco de peso, será que é digno de estar indicado ao Oscar de Melhor Filme?
The Irishman é um filme de 2019 estrelado pelos principais astros da filmografia do Martin Scorsese, como Robert De Niro, Al Pacino e um recém saído da aposentadoria Joe Pesci. Provavelmente você já se separou um essa trama antes (ainda que de forma casual): Frank Sheeran é um homem que passa a trabalhar como braço direito da mafiosa família Buffalino, ou simplesmente “pintava casas”. Ao longo do filme, narrado pelo próprio Sheeran no fim da vida, nós testemunhamos o rumo da sua lealdade com os mafiosos, que vai colocar à prova a relação de Frank com seus amigos influentes e sua família.
Fonte da imagem: DN – Insider
Até aí, tudo bem, pois temos a figura de um anti-herói que não vê outra escolha a não ser prosseguir com sua lealdade à família Buffalino, custe o que custar. Durante mais de três horas, somos apresentados
àquele dilema, até que passamos a conviver com aqueles personagens e a partir daí, as coisas ocorrem de forma natural. Realmente, não há muita coisa surpreendente na trama até certo ponto, quando o rumo da história vai depender das atitudes que os personagens vão tomar para lidar com situações ocorridas no passado.
àquele dilema, até que passamos a conviver com aqueles personagens e a partir daí, as coisas ocorrem de forma natural. Realmente, não há muita coisa surpreendente na trama até certo ponto, quando o rumo da história vai depender das atitudes que os personagens vão tomar para lidar com situações ocorridas no passado.
Mas o que realmente faz esse filme tão especial? A forma como ele é construído, incorporando todos os elementos que já vimos em outras obras do diretor: o retrato do crime em uma (ou várias) época (s); o aspecto biográfico que nos aproxima dos personagens principais; e até mesmo os elementos secundários, como a trilha sonora suave, a fotografia um tanto sombria em alguns trechos e referências à religião católica, aspecto que sempre está presente na narrativa dos filmes do Scorsese. Mas isso quer dizer muita coisa diante de obras de peso que compõem os indicados da categoria de Melhor Filme no Oscar?
Na minha humilde opinião, apesar de The Irishman ter lá seus méritos e seus pontos positivos, não é o tipo de obra que dialoga com nossa sociedade nos dias atuais, como fazem alguns dos filmes favoritos dos apostadores do Oscar. Ainda assim, conseguimos aprender lições sobre cinema com os detalhes técnicos da obra, seja em relação a inusitados ângulos de câmera ou situações implícitas nos diálogos ou na expressão dos personagens.
Fonte da imagem: Observatório do Cinema
Na real, nesse contexto, o Oscar acaba não sendo um parâmetro oficial (muito embora as categorias técnicas como “Melhor Figurino” fazem bastante sentido para esse filme) para definir se O Irlandês merece ser
assistido, tendo em vista que a Academia costuma ter seus próprios critérios internos para definir qual filme leva a estatueta. Essa obra não é do tipo de entretenimento casual que a gente costuma encontrar nos serviços de streaming, mas sim um filme biográfico que mistura Drama e Crime, com uma cadência bastante lenta, conforme percebemos pela expressiva direção da obra. E, para complicar ainda mais, temos uma linha temporal um tanto confusa, e entre um trecho e outro, ficamos sem saber direito quanto tempo passou, visto que a história se desenrola por várias décadas, mostrando o que houve de mais relevante enquanto Frank trabalhava para os Buffalino.
assistido, tendo em vista que a Academia costuma ter seus próprios critérios internos para definir qual filme leva a estatueta. Essa obra não é do tipo de entretenimento casual que a gente costuma encontrar nos serviços de streaming, mas sim um filme biográfico que mistura Drama e Crime, com uma cadência bastante lenta, conforme percebemos pela expressiva direção da obra. E, para complicar ainda mais, temos uma linha temporal um tanto confusa, e entre um trecho e outro, ficamos sem saber direito quanto tempo passou, visto que a história se desenrola por várias décadas, mostrando o que houve de mais relevante enquanto Frank trabalhava para os Buffalino.
Os efeitos visuais de rejuvenescimento dos atores também são muito caprichados, assim como o já mencionado figurino, que mesmo que a gente não tenha noção exata de quanto tempo está se passando, reflete as várias épocas em que a história se desenrola.
Apesar de tudo, a trama de O Irlandês não é tão complexa como aparenta em sua estrutura, visto que temos uma narrativa cujo protagonista principal é o personagem de Robert De Niro, mas quem se destaca mesmo em cena, ao menos até pouco depois da metade do filme, são os coadjuvantes. Joe Pesci interpreta Russel Buffalino, o cabeça da família, e dá um show em cena, embora seu personagem seja mais contido, do tipo que você teme apenas pelo silêncio e pelos diálogos leves mas expressivos com o Frank; e Al Pacino interpreta Jimmy Hoffa, um homem influente na sociedade que se torna amigo pessoal de Sheeran. Os dois coadjuvantes foram indicados a esta categoria no Oscar.
Fonte da imagem: Film in Dublin
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Portanto, seria exagero da nossa parte chamar “O irlandês” de pretensioso? Talvez sim, talvez não… vai depender da sua intimidade com os filmes do Martin Scorsese. Então, se este for o primeiro da filmografia do cineasta que você está assistindo, sugiro que mantenha sua mente aberta e tenha um pouco de paciência, pois o filme é bastante longo e algumas cenas são irregulares. Ainda assim, vale a conferida!
Fonte da imagem: O Globo