A franquia Olhos Famintos marcou o gênero do horror de forma despretensiosa, sendo lançada como uma obra que bebe da fonte do trash, e cresceu nos corações das pessoas, apesar das polêmicas. Mas nesta volta, com Olhos Famintos 3, Vou ser sincero: A espera não valeu a pena.
Victor Salva (o diretor) é um sujeito no mínimo desagradável, visto que no final da década de 1980 foi preso e condenado por molestar um dos protagonistas – uma criança – de seu filme na ocasião. Após ser solto, ele sofre até hoje para lançar seus filmes de terror. A franquia Olhos Famintos sinalizou uma espécie de recomeço em sua vida profissional, visto que os dois filmes marcaram toda uma geração, sendo representados por uma criatura que atacava durante 23 anos, durante 23 dias na primavera, matando e comendo suas vítimas. O terceiro filme era muito aguardado – me lembro de ter ficado intrigado ao alugar o segundo filme em uma videolocadora e sonhar com uma continuação. E, catorze anos depois, adivinha?! O diretor tentou vender gato por lebre, e isso se mostrou uma piada de muito mau gosto!
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Essa terceira parte se passa entre o primeiro e segundo filme da franquia, contrariando o que havia sido especulado (que a obra se passaria décadas após o original e acompanharia a sobrevivente Trish Genner, do primeiro filme). Nesta edição nada especial feita para os fãs, acompanhamos a polícia criando uma força tarefa para derrotar a criatura, conhecida como Creeper. Eles vão precisar contar com a ajuda de uma senhora que já perdeu seu filho no passado, e pode ser a chave para destruir o vilão definitivamente. Enquanto isso, acompanhamos também o núcleo de um grupo de adolescentes sem sal que tentam escapar do monstro.
Eu queria que fosse zoeira, mas a história é essa mesmo! O filme ainda se arrasta por 1h40min, e conta com personagens demais, fazendo com que subtramas desnecessárias sejam criadas, algo não muito saudável para um filme de terror. A história, que já se mostrou uma grande furada para quem esperava uma ressurreição da franquia, é cheia de furos e conta com atores muito fracos. Nem mesmo a Meg Foster se salva, ainda que ela seja a única que leve o filme a sério, apesar da atuação exagerada. Em vários momentos cogitei a possibilidade de desligar a Netflix e ir dormir, mas persisti para poder escrever essa matéria.
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Avaliando agora, após digerir Jeepers Creepers 3, ainda dá pra identificar alguns detalhes que se salvam, como a fotografia e a criatividade. Sobre esta última característica, se destaca o veículo da criatura, um caminhão cheio de armadilhas que é perigo até mesmo para seu proprietário. Chega a ser engraçado de tão absurdo, visto que o caminhão também está pronto para quem tentar atacá-lo, lançando armadilhas no meio da pista. Até aí, tudo bem, pois a essência trash da franquia permite que a gente dê risada com esses absurdos, e esse pequeno elemento (o veículo) rende algumas cenas engraçadas. Sobre a fotografia, isso é um tanto controverso, visto que apesar da boa qualidade das imagens, com alguns ângulos de câmera bem criativos, ainda tem um detalhe que me incomodou: o filme inteiro se passa durante o dia (tirando o início e o final), quebrando a tensão. Filmes como Midsommar provaram que isso não impede um filme de terror na tarefa de meter medo, mas é necessário competência da parte dos realizadores, o que aparentemente não é o caso de Victor Salva.
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Sobre a personagem Trish Genner, ela faz uma pequena participação especial que serve para deixar um gancho para uma nova sequência, que agora trará a história que foi especulada. Isto é, se o orçamento apertado permitir. Vale a pena esperar? Eu particularmente já não me importo, visto que apesar de essa “terceira” parte ser uma estratégia para manter o interesse dos fãs da franquia, ela parece ter feito justamente o contrário, recebendo críticas muito negativas. Existem pontos positivos, sim, mas não são o suficiente para entreter o espectador. É uma situação delicada por conta do baixo orçamento, porém existem outros filmes famosos que foram feitos com poucos recursos que Victor Salva pode se basear para comandar uma nova sequência, se ela ver a luz do dia.
Considerações finais
Eu fui teimoso ao assistir esse filme, e apesar de achar que foi uma baita perda de tempo, não me arrependo, pois gosto da franquia, por conta de seu contexto histórico, já que os primeiros filmes foram feitos no início dos anos 2000, quando o gênero horror já estava saturado. Só recomendo Olhos Famintos 3 para quem não pode deixar de garimpar filmes de terror, pois mesmo quem gosta da franquia pode se decepcionar. Então, para evitar ficar com sentimento de culpa, só digo uma coisa: assista por sua conta e risco. Procura lá no catálogo da Netflix se você não tiver nada de interessante para fazer.
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