Nestes Oscars, as indicações são, em sua maioria, elencos masculinos, ou um personagem principal homem. Adoráveis Mulheres é o único filme de elenco principal feminino. Assim, o Oscar precisava de uma indicação que dialoga com a atualidade.
Adoráveis Mulheres (Little Women),dirigido por Greta Gerwing,conta a história de quatro mulheres, as irmãs: Jo (Saoirse Ronan), Beth (Eliza Scanlen), Meg (Emma Watson) e Amy (Florence Pugh), crescendo entre a década de 1960 durante a Guerra Civil Americana. Isso sem desprezar a participação de Laura Dern e a premiadíssima Meryl Streep, mas elas não ficam em primeiro plano, quando o filme coloca as perspectivas das quatro irmãs em questão. Em especial a Jo, interpretada por Saoirse, que vem de papéis importantes como Lady Bird (também dirigido por Greta) e o chocante The Lovely Bones -Um olhar no paraíso.
Pra começar a falarmos de Adoráveis Mulheres é preciso ressaltar que é a SEXTA adaptação do filme para as telas do cinema. Sendo assim, o que fez este remake ser notado pelo Oscar 2020? Listei alguns fatos abaixo:
- Primeiro lugar, meus caros, o filme real vem de um livro escrito pela Louisa May Alcott,publicado em 1868 (isto mesmo, séculos atrás!),e lembra quando eu digo que a indústria cinematográfica é uma coisa e a magia de filmes é outra?! Isso também acontece com autores e editores, com o livro sendo diferente da atmosfera do filme, quefoi encomendado com fins extremamente comerciais.Mas irei tentar não soltar muito spoilers.
Fonte da imagem: Observador.
- Seguindo, outro ponto do livro,antes de passarmos para o filme,é o fato da tradução ser no diminutivo “Mulherzinhas”,ou “As mulherzinhas”, e quando adaptado para o cinema,as produções brasileiras que intitularam “Adoráveis Mulheres”.Além de que o livro tem uma sequência intitulada “Good Wives”. Então, em pleno século XXI era preciso quebrar esses paradigmas e assim a adaptação de 2019 o fez.
Fonte da imagem: Aleatoriocinemabr.
- Os diálogos do filme mostram o quanto as adoráveis mulheres estão a frente de seu tempo, ou será que talvez elas estejam no nosso? As quatro mulheres artistas,uma musicista(Beth),uma atriz(Meg),uma pintora(Amy) e outra escritora (Jo),com profissões já tão escanteadas pela sociedade,discursam frases que quebram com as menções anteriores.Ao mesmo tempo que são afrontosas e inteligentes,também individualmente tem suas próprias vontades e até mesmo a mãe delas(Laura) ou a tia vale ressaltar rica (Meryl),não ficam atrás, proferindo questionamentos sobre: Só casar quando realmente amar a outra pessoa ou escolher ser rica e não casar por conta da renda.
Fonte da imagem: Metropolitana.
- O casamento é um ponto cordial do filme,é onde a maioria das frases brilhantes e diálogos comoventes estão ambientadas,se por um lado as irmãs pensam em casar,por outro Jo embarca numa aventura própria de conseguir um emprego e ter segurança para assinar seus próprios contos.Ao contrário das irmãs, Jo gostaria que cada uma vivesse seus sonhos,o que ela não contava é que o casamento pode vir a ser um sonho,seja ele por amor ou por meio de ascensão financeira. Um dos melhores diálogos é sobre como o casamento é um contrato mercenário em que a mulher só perde. E, minhas caras,se a mulher só perdia em 1960, será que muita coisa mudou em 2020? Tenho quase certeza que todas as mulheres nas salas de cinema se perguntaram isso.
Fonte da imagem:O Globo.
- Laurie (Timothée Chalamet) e seu avô Mrs Laurence (Chris Cooper),compunham o elenco de vizinhos que moram ao lado da família March, num casarão, e ao contrário delas, fazem parte da alta sociedade. Os vizinhos são os alicerces quando falta comida,ou precisam de algum tipo de ajuda. Mas Laurie torna-se o primeiro garoto que elas conhecem diretamente,o que posteriormente trás pautas para o filme. Porém precisamos falar sobre Timothée, que também fez Lady Bird mas aos 24 anos é consagrado por seu trabalho em Call Me By Your Name – Me chame pelo seu nome,rendendo uma indicação ao Oscar de melhor ator coadjuvante e se tornando o terceiro mais jovem a ser indicado nesta categoria.
Fonte da imagem: Medium.
- As adoráveis diretoras, outra ponte que pode ter sido o caminho para a indicação de Melhor Filme no Oscar de 2020, é o fato da adaptação de 1994 já ter sido indicada a três Oscars e ter sido dirigida por uma mulher: Gillian Armstrong, uma australiana que foi a primeira a mulher a adaptar o livro para o cinema, com um elenco de peso, nomes como: Winona Rider,Christian Bale e Kirsten Dunst. Já na adaptação de 2019, Greta G. foi ignorada no Oscar 2020 e não foi indicada a categoria de melhor diretor,mesmo com um filme indicado a seis categorias e a maior categoria da noite,que é de Melhor Filme.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apesar da academia ainda relutar em ignorar as diretoras,Greta G. já deixou sua marca no Oscar e no cinema, adoráveis mulheres de 2019 é a produção com mais acertos entre as falas do livro e supre a urgência da voz feminina contemporânea. Incomodando muitos, o filme vem sendo cotado como um dos favoritos a ganhar a estatueta.Vamos imaginar, girls, que bela visão não seria a do elenco feminino no palco no dia 9 de fevereiro de 2020?! No meio do caminho talvez esteja 1917,oremos.
#GirlPower.