sexta temporada com essa “volta às raízes”. Relevante, inteligente e com
assinatura. A sétima temporada estreou já faz um tempo, e a cada novo
episódio a trama só melhora. Vem conferir!
Para quem ainda não conhece, a série do canal Showtime segue a
personagem Carrie Mathison (Claire Danes), agente da CIA, que trabalha
como contra terrorista em Langley. É um drama psicológico de espionagem
baseada na série israelense Prisioneiros de guerra. Homeland é “um
suspense que mantém o telespectador na ‘beira’ do sofá desde o primeiro
episódio (…) também conseguiu dizer algo significativo sobre a guerra
ao terror”, como diz o Scott Collura, do IGN, ao comentar o piloto da
série.
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FONTE: https://bit.ly/2E3iLdM |
Grande parte do que faz uma série ser um grande hit é seu
frescor; o quanto o assunto está sendo comentado mundo a fora. Homeland
se beneficiou muito disso em seus primeiros anos e, atualmente, ainda o
faz. A atual sétima temporada traz temas como fascismo, extremismo,
controle ideológico, manipulação retroativa, alienação, paranoia,
deterioração da democracia, descrença no sistema e no Estado, violação
de direitos, Fake News, discurso de ódio entre muitos outros assuntos na
nossa pós-modernidade.
Relevância temática é uma das coisas que
fazem HOMELAND ainda ser importante, além do fato de ser uma série com
uma narrativa instigante.
A série possui uma assinatura
muito particular, que é bem-vinda, em tempos de histórias repetitivas,
chatas, sem consequência ou lógica. A primeira cena desta nova
temporada, por exemplo, demonstra tal identidade. Carrie está na esteira
correndo, enquanto um jazz muito eufórico e sufocante a acompanha. Essa
cena pode ser entendida como tradução do estado mental de deterioração
da personagem (que representa muitas pessoas da atualidade), pessoas
cansadas que se dopam para continuar suas atividades: um momento
recorrente de claustrofobia, ansiedade e incerteza. A psicologia da
personagem de Claire Danes é uma dimensão fortíssima do programa, uma
das coisas que fazem o público se interessar pela personagem.
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FONTE: https://bit.ly/2us77d8 |
O comentário social da série é extremamente relevante e rico, pois tem
muitas similaridades com a nossa realidade. O poder e uso da comunicação
e da incomunicação/desinformação dos que têm poder para com a massa.
Falar sobre Homeland é falar sobre política, isto implica uma discussão
sobre poder e aqueles que o possuem. Um estudo feito nos Estados Unidos
nos três meses que antecederam o discurso de Trump sobre o Estado da
União, em janeiro, demonstra que os grupos conservadores de
extrema-direita compartilharam mais notícias falsas no Facebook do que
todos os demais grupos existentes. Tal estudo realizado pelo o Instituto
da Internet da Universidade de Oxford confirma os comentários que a
série traz nas discussões que rodeiam o personagem Brett O’keefe (Jake
Weber). Um cara branco nos moldes da “família tradicional americana” e
das “pessoas de bem” com um discurso conservador. Ele critica a recém
eleita Elizabeth Keane, alegando servir o público e pensar na
população americana, todavia quando o destino reivindica uma confirmação
do O’keefe, ele se mostra inconsistente e egoísta. Mas não se engane,
mesmo que os personagens sejam horríveis, a série não os julga, ela os
desenvolve com dimensões e motivações interessantes. Mesmo que não
concordemos com os personagens, nós os entendemos. O papel dela é
estudar os personagens e nos contar uma história com objetividade.
“Quer conhecer uma pessoa realmente?
Dê poder a ela!”
O elenco é fenomenal: Claire Danes (My so called life, Master of none)
Elizabeth Marvel (House of Cards, Lincoln), Mandy Patinkin (Dead like
me, Extraordinário), Linus Roache (Vikings, The Blacklist) entre outros.
Além das atuações, todos os componentes técnicos contribuem para a
criação da atmosfera de um suspense que histórias de espião possuem: a
trilha, direção, roteiro, direção de arte. O universo que Homeland
constrói a cada episódio é denso, complexo e coerente. A série volta aos
moldes de sua primeira temporada trazendo um “terror” diferente dentro
do solo americano. A cada Domingo um novo episódio sai no Showtime para
nos entreter e fazer pensar. No Brasil, o programa é transmitido pelo
Fox premium. O NerdSpeaking Indica!
Twitter: @oNerdSpeaking