Salve, salve! Hoje, mergulhamos em um mundo
sombrio para abordar os pontos positivos da presença do universo do medo no
século XXI. Não bastassem fazer sucesso nas telas do cinema, os horizontes do
terror se expandiram também para mídias televisivas e web-séries. Porém, existe
uma, em especial, que consegue fazer com que toda morte sangrenta e mistérios
não ocorram à toa. Desde sua estréia, American
Horror Story (AHS) tem conquistado uma legião de fãs, agradando aos
veteranos e novos admiradores do terror.
de 2011, o canal fechado FX anunciava a estréia de uma nova série, criada por
Ryan Murphy e Brad Falchuk (também criadores do fenômeno mundial Glee), intitulada American Horror Story. Do meu ponto de vista, era mais uma
tentativa qualquer de assustar crianças e adolescentes, através de fantasmas e
mistérios. No entanto, eu não sabia o quanto estava enganado, e o quão
fascinante a série é. A classificação indicativa 18 anos não se limita apenas
por conta da violência e cenas de sexo.
inovadora no universo terror/suspense. AHS
conseguiu apresentar ao espectador um elenco cujos personagens carregam
histórias repletas de injustiça e sofrimento, encarados por eles próprios como
um horror. Esta é, por sua vez, uma das principais características da série,
misturando terror e drama, e faz isso com louvor e com total ausência de
clichês.
sombrio de AHS, a série é constituída
até agora de cinco temporadas, com a sexta já confirmada. Cada uma delas conta
com um enredo diferente da outra, ambientada em uma época diferente, mas com
uma conexão com uma determinada temporada. Então, podem ficar tranquilos quanto
a ordem de qual temporada assistir, pois isso pode ser feito de forma
aleatória.
- A primeira (Murder House) é ambientada nos
dias atuais em uma casa considerada mal-assombrada, e explora o dilema de uma
família que se mudou para o local, em superar os problemas pessoais e lidar com
as presenças sobrenaturais na residência e vizinhos misteriosos;
- Um manicômio dos anos 60 que é famoso pelos
maus tratos aos pacientes insanos é o principal ambiente da segunda temporada
de AHS, intitulada Asylum. O segundo ano da série aborda a
insanidade no fundo da mente humana, posse demoníaca, assassinatos misteriosos,
até a presença de extraterrestres;
- O
terceiro ano da série volta para os dias atuais, para falar das atividades de
um clã de bruxas que vive em Nova Orleans. Coven
reúne bruxas que enfrentam o risco da extinção, bem como guerras entre clãs
diferentes e histórias pessoais que podem abalar a união. Torna-se marcante por
também explorar a escravidão dos EUA, mostrando a crueldade.
- Freak
Show é a quarta temporada de AHS, talvez a mais dramática de todas. Desta vez, ambientada nos
anos 50, o quarto ano da série retrata a vida de uma trupe de indivíduos
incomuns, chamados de freaks
(aberrações) pela maioria dos habitantes da cidade de Júpiter, na Flórida, onde
os shows do grupo acontecem. Explora a vida pessoal sofrível de cada membro do
grupo, que possuem deformidades físicas e/ou problemas emotivos que os fazem sentirem-se
incomuns, e lutam para serem reconhecidos como pessoas.
- A quinta temporada, Hotel, se passa em um albergue comandado pela Condessa,
interpretada por ninguém menos do que Lady Gaga, e mostra investigações de um
detetive sobre o misterioso lugar, bem como o dilema de seus hóspedes.
exceção de alguns que fazem jus ao nome (como Invocação do Mal, de 2013), American
horror story, mesmo com alguns altos e baixos (poucos), consegue redefinir
o formato do gênero. O seriado preocupa-se mais com o terror psicológico,
representado muitas vezes através da insanidade e da loucura, muito explorado
especialmente na segunda temporada. Esta é, na minha opinião, a melhor
temporada da série, seguida por Freak
Show, a quarta temporada. Asylum
é a temporada que considero a mais cruel, com um tom mais sombrio e história
mais aberta para mistérios.
são familiarizados com o gênero da mesma, através de personagens interessantes,
cujas histórias os tornam muitas vezes vitoriosos. Tomo como exemplo a quarta
temporada, ficando em segundo lugar no meu ranking que aponta as melhores
temporadas. O quarto ano da série é o que apresenta personagens bem mais
construídos, assim como uma história que pode chegar a arrancar lágrimas, o que
não é uma novidade no universo sombrio criado por Murphy. Afinal, a série
mescla terror e drama, e este é um dos fatos que a fazem ser um programa que
jamais será esquecido, especialmente pelos fãs do gênero. Mas, a grande
intenção da série é mostrar que o maior monstro existente é o ser humano, e
suas atitudes são sujeitas a provocar o terror, o qual a série trás ao
espectador.
presentes em clássicos como Sexta-feira
13 são impotentes em satisfazer o público nesse aspecto, e AHS trás consigo
um enredo que cumpre a missão de satisfazer os novos e velhos fãs do mundo
sombrio, e forma uma nova geração de seguidores do gênero, marcando uma nova
fase do universo do horror, dando um show nesse aspecto. A grande surpresa de
todo esse show de horrores moderno é a veterana Jessica Lange. A atriz – que
participou do primeiro remake de King Kong, lançado em meados dos anos 70 –
simplesmente brilha na série. Ela está presente nas quatro primeiras
temporadas, no elenco principal. Em cada personagem que a atriz interpreta,
pode-se perceber que a cada temporada, mesmo com a mudança de papel, Jessica
brilha ainda mais do que antes. De uma vizinha misteriosa a uma dona do “Show
de aberrações”, não importa, Jessica Lange prova que é digna de muitos aplausos.
Portanto, meus caros, encerro aqui meu
desabafo sobre American horror story,
e deixo claro que isso é apenas mais um passo à frente para o terror. Não
esperem um programa que irá deixar você sem dormir, pois o fundamento da série
de Ryan Murphy não é esse. Não se enganem pelas máscaras ou pelo instinto
assassino, pois dentro de tudo isso há um simples ser humano atordoado com a
realidade que o cerca, fazendo-o adquirir instinto psicopata. Digo de passagem,
que não esperem por um final feliz para determinados personagens, mas também
não pensem que a tragédia prevalecerá para sempre.