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março 31, 2021 por João Ferreira 1

Ser NERD é um ato POLÍTICO!

Ser NERD é um ato POLÍTICO!
março 31, 2021 por João Ferreira 1

Na cultura pop, muito se diz sobre posicionamentos políticos, e isso não é simplesmente uma questão de “Esquerda” ou “Direita”, mas sim entender as operações de poder e debater sobre a forma como isso nos afeta em diversas esferas, incluindo na indústria do entretenimento.

Entender a política também significa compreender melhor como funciona a nossa sociedade, e analisar obras cinematográficas fruto de uma indústria capitalista é fundamental para ter uma ideia não apenas do segredo do seu sucesso, como também observar o seu raio de alcance. Sim, a prioridade desses filmes é sempre o lucro para os estúdios, porém estes recorrem a estratégias de marketing para poder dialogar com seu público e fazer com que ele reflita sobre o que acabou de assistir. Isso faz com que a obra atinja um determinado status e nunca saia de moda.

Até aí, a premissa é simples, correto? Qualquer pessoa que goste de cinema sabe muito bem disso! Mas, quando nos posicionamos de forma ideológica, isso tende a refletir também nos produtos que a gente consome, e isso inclui filmes, séries, livros, games, etc. Assim, mesmo que determinada obra que tenha “envelhecido mal” em seu discurso, ela pode ter marcado a trajetória de algum espectador, e quando ele decide tomar partido de determinadas pautas sociais, consequentemente revisita o filme (ou série, livro…) com outro olhar. À medida que nossos estudos acerca de determinados temas vão avançando, fica mais interessante enxergar melhor os discursos presentes nessas produções.

‘Dumbo’ é um clássico da Disney, mas é também um filme problemático.

Isso tudo está relacionado com o cenário político atual, onde temos um governo que flerta com a nostalgia do fascismo. Essa “doutrina” foi imposta oficialmente por Mussolini na Itália do início do Século XX, e teve seu ápice durante a Segunda Guerra Mundial, já que o líder fascista, lutando ao lado do Eixo graças à aliança com a Alemanha de Adolf Hitler, ficou no poder até 1943, quando ele foi preso e posteriormente “resgatado” pelos alemães. Acontece que embora o fascismo já tenha demonstrado aí um declínio, com parte da população da Itália passando a criticar seu governo, ainda houve o episódio da República de Salò, com Mussolini fundando o Partido Nacional Fascista e se rebelando contra o rei Vítor Emanuel III, seu antigo aliado, mas que havia assinado o Armistício e abandonou Roma, que já havia sido tomada pelos Aliados (EUA, URSS e Inglaterra – Bom mencionar também a atuação da Força Expedicionária Brasileira no processo). Mussolini só veio conhecer seu fim em 1945, quando foi capturado e executado, pondo fim definitivo ao regime fascista.

O ditador fascista Benito Mussolini / Créditos: Euston96

Ok, João! Obrigado pela aula rápida de História, mas o que isso tem a ver com posicionamento político no universo nerd? Para responder isso de forma objetiva, a gente precisa focar em uma mídia específica, e eu escolhi o cinema. Relacionando com o mencionado episódio do fascismo, a obra cinematográfica que mais dialoga com a sociedade sobre esse regime totalitário é Salò ou os 120 dias de Sodoma, realizado em 1975 e dirigido por Pier Paolo Pasolini, um dos cineastas mais aclamados – e polêmicos – de todos os tempos.

O cineasta marxista Píer Paolo Pasolini / Créditos: MUBI

A obra de Pasolini se passa justamente após 1943, e quatro homens influentes na esfera política (um juiz, um nobre, um bispo e um banqueiro) sequestram vários adolescentes e os levam para uma mansão, onde irão por em prática um projeto sádico: aqueles jovens irão, nos próximos cento e vinte dias, passar por várias situações humilhantes e bizarras com intuito exclusivo de dar prazer aos representantes, em um experimento cruel dividido em três etapas: O círculo das manias, quando eles irão realizar os fetiches mais absurdos dos caras; o Círculo da merda, onde serão obrigados, entre outras coisas, a ingerir fezes (você não leu errado) e o Círculo do Sangue, repleto de torturas e assassinatos.

O sadismo de ‘Salò’ é evidente no contraste entre os personagens – opressores e oprimidos.

Precisei ir além e escolher um dos filmes mais pesados já realizados para mostrar como o cinema – neste caso, o de horror – usa essas histórias para dialogar com a sociedade. Basta analisarmos a época em que Salò foi realizado, meados dos anos 1970, período em que ditaduras estavam em sua fase mais grave – no Brasil, sob comando do General Médici até o final de 1974, Brasil – em países influentes. Até hoje permanece um mistério o fato de Pasolini não ter visto de fato o impacto que a obra causou, já que o cineasta foi assassinado poucos dias antes da estreia do filme, no início de novembro de 1975. Ele era homossexual assumido e marxista, sempre deixando claro em seus trabalhos sua visão de mundo e buscando abordar temas tabus nas obras.

Os líderes fascistas de ‘Salò’

Quer um exemplo mais recente? Que tal o Jordan Peele?! O novo mestre do terror dirigiu duas obras extremamente influentes do horror moderno – Corra! e Nós. Nas suas obras, ele aborda sempre a questão do racismo velado e subverte a forma como os personagens negros eram tratados nos filmes de terror, ao mesmo tempo em que presta homenagens a clássicos do gênero, como Invasores de corpos e As esposas de Stepford, obras igualmente com temáticas que podem ser interpretadas como metáforas para outros assuntos mais sérios, como era o caso da paranoia dos Estados Unidos com a suposta expansão da ideologia comunista. Ou seja, além de termos um prato cheio para debates enriquecedores sobre representação negra no horror, também temos um produto cinematográfico que se encaixa perfeitamente no gênero em questão e ainda consegue oferecer diversão.

Lupita Nyong’o em ‘Us’ (Nós), do Jordan Peele

Mais um exemplo? Temos a Emerald Fennell! Ela dirigiu recentemente o suspense Bela Vingança, que está indicado ao Oscar de Melhor Filme, entre outras categorias, incluindo Melhor Direção. O trabalho que ela faz nesse longa-metragem dialoga muito com o público feminino e alfineta a cultura do estupro, ao mostrar uma mulher dando início a um plano de vingança pouco convencional, mas com certeza inesperado! Sim, nós precisamos do feminismo, e Bela Vingança é a prova disso!

A personagem principal de ‘Bela Vingança’, cuja atriz também foi indicada ao Oscar.

Aqui no Brasil, temos Glauber Rocha e sua filmografia revolucionária, digna de um cinema de guerrilha. Obras como Deus e o Diabo na Terra do Sol, Barravento e Terra em Transe oferecem um discurso claramente influenciado por pautas relevantes para aquela época, e que se mostram importantes nos dias de hoje. Críticas ferrenhas – ao endeusamento do colonizador, à intolerância religiosa e a forma como o ser humano pode ser facilmente manipulado –  estão presentes em seus trabalhos, que permanecem como obras imortais. Hector Babenco também fez isso com seu Pixote – A lei do Mais fraco, e mais recentemente o Fernando Meirelles com Cidade de Deus, e a Gabriela Amaral Almeida, com O Animal Cordial. Assim, a gente segue discutindo suas obras e traçando paralelo entre elas. Por que, nesses casos específicos, elas são o reflexo da nossa realidade, mostrando de forma realista as mazelas do Brasil.

Corisco, personagem de ‘Deus e o Diabo na Terra do sol’, de Glauber Rocha

Dessa forma, o cinema como um todo – ainda que os realizadores independentes trabalhem de uma forma mais “livre”, sem a pressão dos grandes estúdios – é uma ferramenta audiovisual onde seu autor utiliza a linguagem cinematográfica para trazer uma ideia, que pode virar um discurso e representar a época em que seu filme foi realizado. Posicionamentos favoráveis à discussão de pautas raciais, sociais e culturais sempre existiram – ainda que reprimidos em determinados períodos – e seguem necessários, uma vez que o cinema, embora categorizado como entretenimento, também imprime visões de mundo que, quando interpretadas, permitem que a gente tenha um debate sem recorrer ao anacronismo e avançando nossas discussões sobre racismo, homofobia, xenofobia, fascismo e misoginia.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Espero que esse texto não seja interpretado como “coisa de comunista”, – fico lisonjeado de ser chamado dessa forma, mas não possuo conhecimento suficiente para tal – mas como um desabafo sobre o rumo que estamos tomando, com o Golpe Militar de 1964 sendo comemorado por autoridades que deveriam representar o povo, mas acabam representando, como sempre, o ponto de vista de poucos.

Salò: Um filme doentio que reflete a nossa realidade.

REFERÊNCIAS

Brasil 247 – Salò ou os 120 dias de Sodoma para além da ficção, por Pedro Simonard 

https://www.brasil247.com/blog/salo-ou-os-120-dias-de-sodoma-para-alem-da-ficcao

Salò – Os Filmes mais Perturbadores do Planeta, por Getro Guimarães 

https://www.youtube.com/watch?v=ZkkT8ume4Sc&t=62s

O GLOBO |  Crise entre militares/governo inédita no Brasil remonta episódio da Ditadura Militar, diz analista 

https://oglobo.globo.com/brasil/crise-entre-militares-governo-inedita-no-brasil-remonta-episodio-da-ditadura-militar-diz-analista-1-24948812

BBC BRASIL | Mussolini é o arquétipo de líderes como Bolsonaro, Trump e Salvini, diz autor italiano

https://www.bbc.com/portuguese/geral-54033476

Artigo anteriorConheça e apoie o universo de POST MORTEM!Próximo artigo Leveza e Nostalgia em tempos de Pandemia: Noite de Spoiler!

1 comment

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março 13, 2025 às 11:27 am

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