Na última sexta-feira (17) finalmente tive a oportunidade de assistir “A Baleia” no cinema. Filme aclamadíssimo de drama psicológico de Darren Aronofsky, estrelado por Brendan Fraser. Recentemente, inclusive, ganhou os Oscars de Melhor Ator e Melhor filme, 2023. Não é exagero algum dizer que The Whale é um filme arrebatador e devastador.
Fui ao cinema sabendo o que esperar, entre caos, tristezas e melancolias de nosso personagem principal, o Charlie (Brendan Frases), tentando se reconectar com sua filha rebelde, Ellie (Sadie Sink), numa complicadíssima vida enquanto professor, gay e extremamente obeso, preso em casa. Durante toda a peça, somos postos enquanto Charlie, para enxergarmos de sua perspectiva de mundo – claustrofóbico, cheio de inseguranças e dores. Em sua vida restou apenas uma amiga, Liz (Hong Chau), que ao mesmo tempo é uma facilitadora para seus vícios, amiga, cuidadora, e o que sobrou de “família”, uma vez que é irmã de seu falecido marido.
Na realidade o filme toma esta dor da existência de Charlie para nos guiar através de seus lampejos finais de vida; um homem que enxerga a positividade e a vibração nos outros, mas não em si mesmo. Que almeja para os outros uma luz de sinceridade e honestidade com seus “eus”, mas não para o próprio Charlie. A possibilidade de recomeços e aprendizados para os outros… Mas não para si.
Inevitavelmente, entramos na sala do cinema entendendo o fim do filme; não tem saída para Charlie. Pela mudança, seria tarde demais, pela continuação, seria a dolorosa e lenta morte. O que faz? Acelera a sua partida, tentando se reconectar com sua filha, antes de partir. The Whale é um caminhão de emoções, em maioria melancólicas e depressivas, buscando mostrar como é capaz de se perder em si mesmo. Como é possível, na doçura, ser completamente enxotado, odiado e desprezado. Para Charlie, seu fim, sua redenção familiar, o amor, a esperança de um futuro – para os outros – seria muito melhor do que a vida infeliz que vivia. Para Charlie, era tudo uma despedida.
Charlie teve o final dele, da forma poética dele… Mas o filme faz questão de mostrar que não tava nada bem a poesia dele – todos ao redor deixando isso claro e gritado. É como se ele tivesse em transe até o fim. Pronto pra aquilo, apesar de todas ali ao redor. A Baleia me destruiu. Um filme arrebatador e devastador. Pesado, íntimo, incômodo. Fazia tempo que um cinema não me abalava tanto.