É impressionante como tantos anos depois, Alien ainda consegue te deixar na ponta da cadeira. E dessa vez, acertaram demais no horror! Um filme feito para os fãs do que é clássico, do que é novo… E também para unir o melhor dos dois.
Romulus se insere numa franquia que já é gigante, e tão antiga quanto o Star Wars (ambos lançados em 1979). E a gente sabe que, quanto mais títulos, mais difícil se fazer “necessário, refrescante ou inovador”, sem tornar-se apenas uma caricatura do que representa. Alien, é claro, teve seus altos e baixos. E seus altos são revolucionários, e os baixos… Decepcionantes. Será que valia ainda mais um tiro para a franquia, após o divisor de opiniões, Prometheus e seu sucessor, Covenant?
A resposta é sim. Romulus representa um renascimento, um sopro novo e uma ode ao que os fãs aguardavam no retorno da franquia: um regresso ao estilo da Weyland-Yutani dos tempos de Ellen Ripley! Um retorno ao que se seguiu após os acontecimentos do oitavo passageiro da NOSTROMO. O filme respeita todo o legado anterior, ao mesmo tempo em que traz o melhor com o diretor Fede Alvarez, um mestre do horror contemporâneo. O filme se destaca como uma boa ficção científica, bem integrada ao universo de Alien, um suspense de qualidade, bem produzido com efeitos especiais e práticos (como sempre foi com “O Oitavo Passageiro”), além de explorar um “gore cósmico”, fazendo alusões e conexões com Prometheus, trazendo ainda mais para perto a franquia continuada de Alien – que adicionou um terror diferente do que estávamos habituados, em 1979… Na verdade, Romulus faz a transição temática, que muitos sentiram em Prometheus, ficar mais leve. Mais fácil de entender. Funciona!
É um verdadeiro terror, onde no espaço, ninguém pode ouvir você gritar. Um dos acertos clássicos de Alien foi escolher um elenco pouco conhecido, mas carismático, permitindo que o público se conectasse com os personagens sem explicações excessivas. Assim também é em Romulus, com grande destaque para Cailee Spaeny, que faz o papel da protagonista Rain Carradine, e também para David Jonsson, que faz Andy. Que atuação sensacional desse cara! Esperamos vê-lo em breve, em mais e mais filmes. E os Xenomorfos… O que dizer! Assustadores como nunca, bem feitos como sempre. O filme ainda inova ao fazer algumas cenas de ação nunca antes tentadas em todos os filmes da franquia, brincando com a gravidade zero, com temperatura, e como os Xeno se comportariam na situação. É assustador, tenso mas também muito bonito. Algumas das batalhas mais inteligentes contra os Xenomorfos acontecem em Romulus, e isso é fantástico.
Se eu pudesse sugerir uma mudança para o filme, seria incluir mais momentos de silêncio, com uma trilha sonora menos presente em cada cena. O silêncio é um dos elementos de terror mais eficazes em Alien, junto com os sons retrofuturistas das naves. Mas Benjamin Wallfisch (de “Lights Out” e “It”) certamente entende do gênero terror. Ah, e como se não bastassem as referências múltiplas aos universos unidos do “antes” e o “depois” da franquia Alien, Fede Alvarez faz claras referências a algo que Alien tem de melhor, mas que foi injustamente julgado como “morno” anteriormente: o inovador jogo de videogames/pc, Alien Isolation! Uma das melhores experiências que nós, enquanto espectadores poderemos um dia ter, de estar preso no espaço com um xenomorfo.
Romulus representa o encontro do melhor do universo de Alien, que avançou com Covenant e Prometheus, com a nostalgia pelo terror de 1979, do Ridley Scott. Se você, como eu, aguardava ansiosamente o retorno do melhor de Alien na cultura pop, posso afirmar que assistir Romulus no cinema é um prazer. É uma produção que nos lembra que não é preciso gastar mais de 300 milhões para fazer um excelente filme. Uma produção que reforça que não basta apoiar-se na nostalgia; é preciso reinventar-se. Romulus, este “interquel”, é um convite. E eu aceito!