Clonaram Tyrone e o humor-horror da Netflix! Um filme bem humorado, que aborda temas nada engraçados! Numa espécie de “dia da marmota”, Tyrone se desenvolve com humor, realismo e ficção para escrever uma crítica aos estereótipos e ao comportamento humano.
Clonaram Tyrone e o humor-horror da Netflix!
A nova onda dos filmes que brincam com o tema do “Black Horror” parece inspirar mais uma obra que sabe bem demais posicionar um medo que não é exatamente de algo presente na tela. Para mim, serve bem demais nesse sentido de horror! O casting não poderia ser mais diverso em caminhos também: John Boyega (Fontaine), Jamie Foxx (Slick Charles), Teyonah Parris (Yo-yo)… Tem quem venha da ficção, da comédia e do drama. E em Clonaram Tyrone, tudo se mistura e se desenvolve num equilíbrio destes múltiplos gêneros cinematográficos.
Clonaram Tyrone conta a história de um traficante – Fontaine – que vai cobrar uma dívida a um de seus clientes, o folgado cafetão Slick Charles, e acaba morto por conta de outros envolvimentos que ele tem. Acontece que ele não morre. No dia seguinte, está de volta em sua cama, como se tudo não passasse de um sonho. Mas Slick viu a sua morte. Os eventos continuam a se desenvolver numa nuvem de mistérios, horror e… Muita comédia! Slick Charles e Fontaine se juntam a uma das “funcionárias” do cafetão – Yo-yo – para tentar desvendar os mistérios que estão acontecendo nos subúrbios de Glen, com toda a gente preta daquela região.
Uma surpresa de filme, sinceramente. Da cinematografia que mais lembra as boas séries que buscam retratar bem o sul dos EUA (Tremme, Atlanta), até a trilha sonora (que, novamente, me faz lembrar de produções do Black Horror como US), Clonaram Tyrone traz uma história original, criativa e principalmente crítica. Crítica ao poder estabelecido, ao controle social e a forma que a sociedade muitas vezes “predestina” o seu futuro, e o que você poderá vir a ser, simplesmente pelas normas sociais estabelecidas. Tyrone é um constante lembrete das questões de gueto, condições,comportamentos, e quem controla os nossos futuros. Mas cabe a você aceitar a crítica como ela é, ou apenas terminar e dizer: Boa ficção.
O último terço parece ter deixado um pouco a bola cair, quando revelam-se os principais enigmas da busca de nossos “detetives.” Uma vez que lá, o filme não sabe exatamente o que fazer. Se você é dos que acha que para um filme ser bom, o final precisa ser bom, então não te recomendo muito esse filme. Se você acha que a obra como um todo vale mais, então funciona! É que realmente o final, deixa demais a desejar, com a falta de objetividade quando o mistério é revelado. Como se o filme não soubesse o que fazer a partir daí.
Mas após isso, o filme tem uma conclusão digna de toda sua sátira, todo seu humor e horror: A marmota continua… Ou quase. Clonaram Tyrone! Um acerto e um achado dos catálogos da Netflix.