Apresento minha crítica do terceiro capítulo dessa franquia de horror sobrenatural, e posso dizer que paguei com a língua!
Depois do rumo que a franquia Conjuring tomou, apostando cada vez mais no “terrir” – terror mesclado à comédia (in)voluntária – a exigência em cima de cada novo lançamento passou a ser bem menor. Assim, o espectador acaba rendendo algumas surpresas, como é o caso dessa terceira parte de Invocação do mal!
A trama pega mais um caso onde o casal de demonólogos Ed e Lorraine Warren estiveram envolvidos, baseando-se no julgamento de Arnie Johnson, um rapaz acusado de assassinato que, supostamente, teria sido possuído por um demônio que o ordenara a cometer tal atrocidade. O desafio dos Warren dessa vez é tentar convencer a justiça da veracidade da história, mas eles acabam descobrindo algo mais assustador do que imaginaram.
A premissa pega esse caso escabroso ocorrido originalmente em 1981 para expandir o Universo Conjuring, e isso permite o uso de liberdade poética – às vezes, muito mais do que o recomendado. Porém, no fim das contas, isso acaba sendo apenas um detalhe, já que é a eficiência e a qualidade técnica desses filmes que realmente interessa a quem assiste. Bom lembrar que o principal público de Invocação do mal é composto por adolescentes e jovens adultos, e as gerações mais novas apreciam muito o uso de jumpscares, com um susto atrás do outro semelhante a um Trem Fantasma. Nesse sentido, temos um filme de qualidade.
Para falar a verdade, eu estava com um pé atrás em relação a esse terceiro filme por conta do diretor, o Michael Chaves, que havia comandado anteriormente o questionável A maldição da Chorona, de 2019. Ele substituiu o James Wan, que segue como produtor, como aconteceu na maioria dos spin-offs da franquia, e em termos estéticos, a assinatura dele já é bem diferente do Wan, seu mentor. A gente percebe esses detalhes em alguns ângulos e na movimentação de câmera, onde falta mais ousadia, com movimentos em 360° que faziam a tensão crescer. Se fosse possível comparar Invocação do mal 3 com outras terceiras partes de franquias do cinema hollywoodiano, até que esse filme fez bonito, na medida do possível.
Ainda assim, não dá para passar despercebido que o roteiro dessa sequência é bem irregular, com um ritmo inconstante, começando muito bem, mas pisando no freio próximo da metade. Nesse caso, felizmente, o final acaba servindo como uma respirada, mostrando que o foco da vez vai para o casal Warren, interpretado magistralmente por Patrick Wilson e Vera Farmiga. Outro elemento problemático são os diálogos do filme, bem expositivos e previsíveis, com frases de efeito um tanto cafonas. O elenco poderia ser melhor explorado, como é o caso de John Noble, cujo personagem foi totalmente desperdiçado. Para finalizar minhas ressalvas, também acredito que o julgamento do Arnie poderia ser melhor explorado, uma vez que definitivamente esse não é um horror de tribunal, como aconteceu com O Exorcismo de Emily Rose, por exemplo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Invocação do mal 3: A Ordem do Demônio é o mais fraco dos três principais da franquia, mas nem de longe é um filme ruim… talvez um pouco decepcionante para quem tiver muitas expectativas. Algo interessante é que esse filme não aborda casas assombradas, e acaba tendo uma pegada mais investigativa que também poderia ser melhor explorada. Assim, esse é um bom filme, mas que é facilmente esquecível, como um entretenimento descartável.