Gabriel Mascaro vem de um grande acerto, com (o espetacular!) ‘Boi Neon’, numa trama densa e muito bem colocada que o trouxe aos holofotes, deixando a vinda de Divino Amor muito mais facilitada. Mas, quando falamos de cinema brasileiro, é preciso deixar aqui um adendo para o que vêm acontecendo em nosso cenário, num âmbito – sobretudo – politicamente polarizado. Está claro que estamos em meio à um conflito de ideias e ideologias, e esse conflito transcende o mundo real e como sabemos, ‘a arte imita a vida’. Então o novo filme do Gabriel, ‘Divino Amor’, traz consigo uma discussão crítica e política muito interessante, ao transformar a situação atual do conservadorismo brasileiro numa parábola distópica, que escancara a histeria hipócrita da religião.
Perceba que a discussão em si é incrível, e cheia de pontos a serem explorados e destacados. Esse é o cartão postal do filme, apresentado em seu magnífico trailer, cheio de cores, sons e luzes, que nos atiça a curiosidade e a vontade de ver a peça final – o filme em si… O que é uma pena! Ao conversar com algumas pessoas que também assistiram ao filme, percebo um sentimento geral de que o trailer acaba por ‘mostrar demais’ da história, e por tentar tão fortemente vender sua ideia, acaba dando tudo o que tem de bom em pouco mais de 2 minutos.
… E mesmo assim, tudo isso é posto a perder em seus últimos minutos, quando o filme parece querer terminar logo, e apressa a velocidade em 200%! O filme acaba num susto, rápida e subitamente, num fechamento tão estranho e desproporcional, que nem parece ser o fim. Parece surreal demais, e raso demais, para um filme que se levou tão a sério e tão criticamente por mais de uma hora. É triste que todo aquele tortuoso desenvolvimento acabe de forma tão simplória, parecendo aquelas frases de Facebook que dizem “Como seria Jesus se viesse hoje à Terra?”. E encerra-se a sessão. Em meio a risos abafados e olhos confusos. Acaba rápida e subitamente, num fechamento tão estranho e desproporcional, que nem parece ser o fim.