King Richard é o novo filme estrelado por Will Smith, baseado na história real das tenistas Serena e Venus Williams, ambientado nos anos 1990. Aqui, vamos ver um filme que vai bem além de uma história bonita de superação!
Richard cria suas filhas, Serena e Venus Williams com rigidez e disciplina, morando em Compton, nos EUA. Ele tem o sonho de fazer Vênus e Serena duas jogadoras de tênis de sucesso, e não mede esforços para conseguir treinadores e patrocínios para as jovens. Ao mesmo tempo, acompanhamos os dilemas morais do personagem-título.
Uma sinopse assim pode facilmente ser associada a qualquer trama biográfica, porém a história verdadeira de duas meninas negras que inspiraram toda uma geração é contada pelas pessoas certas e protagonizada por uma galera que sabe muito bem o que faz. Nesse sentido, a questão do lugar de fala acaba sendo importante, já que nas mãos de um cineasta branco, a narrativa não seria tão realista e, de certo modo, leve e familiar.
Isso porque muitas produções audiovisuais que contam histórias da cultura negra estadunidense acabam mergulhando em estereótipos e, em alguns casos, são irresponsáveis em omitir certas injustiças raciais que continuam ocorrendo naquele país. O diretor Reinaldo Marcus Green consegue passar a sensação de que estamos vendo uma história “com moral” e didática, com diálogos pontuais graças ao roteiro redondinho.
Embora seja um filme dramático, ele não apela para o melodrama, apesar de algumas situações sensíveis que estão presentes. Tudo é contado de forma light, já que o filme é feito para a família, e fala de valores como humildade para todo o público de maneira responsável e eficiente. Um trabalho que consegue ser muito bem feito também graças ao elenco magistral, encabeçado por um Will Smith que expressa rigidez somada a um humor involuntário com seu Richard. Ele até copiou direitinho os maneirismos do verdadeiro Sr. Williams, que aparece durante os créditos. Algo interessante é que o personagem não é aquele mentor perfeito, já que suas falhas são bastante expostas e com o tempo, ele vai aprendendo com isso.
O filme tem protagonistas cativantes, embora não seja tão focado na Serena, e mais na Venus. Mesmo assim, a cumplicidade das duas irmãs, diante de uma sociedade que procura “tirar os capuzes” para elas após algo que consideram inacreditável, é muito natural, com um bom desempenho das atrizes. Outro que está hilário é Jon Bernthal como Ricky, e o personagem serve também para o propósito da mesma discussão sobre lugar de fala e pertencimento.
King Richard é um filme emocionante, mas não precisou apelar para o melodrama para arrancar algumas lágrimas. Ele vai te fazer sentir emocionado e também feliz com tudo aquilo, num sorriso natural que vai se formando na gente, sem que você perceba, ao sair da sessão.