Dia 8 de outubro é comemorado o Dia do Nordestino… E porque não falar do nosso cinema?
Vocês já pararam pra pensar como o audiovisual nordestino vem mudando e tomando conta do cenário cinematográfico nacional? É aquilo que eu digo meus amigos: Bacurau não é um filme do cinema nacional, e sim do cinema nordestino. E as questões dentro da narrativa deste filme e de outros, são originárias de um povo e só remete a este povo entendê-las mais a fundo.
Para quem reside na região metropolitana é comum associar o nome Bacurau ao último ônibus de linha que sai num dia, e é isto que o cinema nordestino vem fazendo, uma espécie de afeto ao regional e a valorização para com as pessoas da região, ligando pessoas a obras da cultura, como de fato deve ser. Kléber Mendonça e Juliano Dornelles tiraram onda aqui.
Além de um cinema que questiona, é preciso olhar para um cinema de linguagem própria, antes do acontecimento que Parasita (2019) causou para os norte-americanos, Cine Hollíudy, dirigido por Halder Gomes, fez com que os próprios brasileiros lessem legenda num filme nacional por causa de um fenômeno chamado: Variedade Linguística.
O audiovisual nordestino atual contém produções do povo e para o povo, como é o caso de Rebento (2018) dirigido por André Morais, paraibano, que idealizou e realizou uma produção inteira com artistas apenas da Paraíba ou radicados no Estado. O dinheiro usado no projeto voltou para os profissionais da área, num intuito de dar continuidade no audiovisual local. Rebento, que tem uma mulher como protagonista (Ingrid Trigueiro), foi premiado no festival Los Angeles Brazilian Film Festival, em 2019.
E sobre essa valorização e resgate de memória temos: Os Pobres Diabos (2017), de Rosemberg Cariry, que nasceu na região do Cariri no Ceará e trouxe a temática do circo pelo sertão. Eu não sei se vocês já moraram em interior, ou tiveram a experiência de presenciar um circo chegando numa cidade, vou sintetizar, é como se o circo levasse para aqueles que não tem quase nada, uma perspectiva, ainda que não sabemos se os próprios artistas tenham essa perspectiva de vida. O filme fala sobre a desigualdade (que não é sobre seca, e sim, sobre capitalismo) e a riqueza da alma, não existe nada mais nordestino que isto.
Nosso cinema não é ‘apenas’ nacional… Ele é nordestino! E viva o Nordeste e o povo nordestino! Feliz dia 8 de Outubro para todos e todas nós.