Dos teatros às telonas, “O Porteiro” é um longa que traz leveza e comédia, equilibrando o humor caricato e a autoconsciência.
Por João Ferreira – Fanático por cinema de terror e mundo fantástico.
Fundador do Fantasmundo; historiador e colunista do NerdSpeaking
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O Porteiro | Review
Dirigido e roteirizado por Paulo Fontenelle e estrelado por Alexandre Lino, O porteiro é uma comédia nacional que acompanha Waldisney, porteiro de um condomínio que está sob nova gestão de síndico, bem mais exigente. Waldisney está sempre disposto a ajudar os moradores, o que o coloca em muitas enrascadas, principalmente com sua esposa Laurizete. Porém, as confusões passam do ponto quando bandidos assaltam o local e Waldisney é apontado como cúmplice. Agora, ele precisa provar sua inocência ao delegado encarregado do caso.
Do teatro às telonas
Baseado em uma peça de teatro que segue fazendo sucesso, “O Porteiro” é uma típica comédia nacional cujo roteiro segue os arquétipos estabelecidos. Ou seja, temos aqui o humor caricato e absurdo presentes na cartilha. Assim, você tem a impressão de que conhece essa história, mas ela te prende, porque o filme é muito divertido.
A narrativa
A narrativa tem um rumo previsível e piadas que já estiveram presentes no texto de outras produções, mas a diferença aqui é a forma como essa história é contada. Nesse sentido, onde a premissa é clichê, temos bons personagens e tramas interessantes. É preciso que você goste desse humor novelesco, feito para assistir com a família e dar boas risadas.
Há um subtexto sobre a migração nordestina no final do século XX, onde a mudança para o Sudeste representava a busca por novas oportunidades. É o caso de Waldisney, que é oriundo da Paraíba e estabeleceu sua vida no Rio de Janeiro. Isso até poderia representar um estereótipo negativo, se o elenco não estivesse intimamente conectado com essa trama, mas todo mundo ali se entrega.
Alexandre Lino, pernambucano, incorpora seu protagonista com uma atuação pautada em diálogos que carregam humor natural. É impossível não simpatizar com Waldisney, que permite que a gente crie uma conexão com ele: enquanto nordestino e trabalhador, me senti representado. Daniela Fontan traz o arquétipo “boca de confusão”, e a paraense manda bem, principalmente nos conflitos com os demais personagens.
Autoconsciente
Visto que a trama é autoconsciente, não há o que reclamar se você curte esse as típicas comédias nacionais. A duração da obra é bem redondinha, sem muita enrolação, mas seria mais dinâmica se algumas piadas não se prolongassem mais do que o necessário. Em alguns casos isso funciona por conta da sensação de vergonha alheia que eles querem passar, mas no caso da personagem de Suely Franco, por exemplo, fica repetitivo.
Outro ponto que torna a trama marcante e a faz evitar – na maior parte do tempo – estereótipos, é a sua campanha de marketing focada na região Nordeste, dando sensação de pertencimento. Assistir o filme na mesma sessão que o Alexandre e a Dani pode ter me deixado mais animado, mas a trama dinâmica também dá conta do recado.
Vale a pena assistir o Porteiro!
“O porteiro” merece ser visto com galera ou de casal, e é aquele tipo de filme alto astral, já que ainda que algumas passagens não sejam engraçadas para você, ainda assim o saldo acaba sendo positivo pela energia da obra.