Precisamos falar sobre a Samsung, quer dizer, sobre a Apple - Mallu

A Samsung realizou nesta última quarta-feira, 20 de fevereiro seus novos lançamentos para 2019 no evento Galaxy Unpacked. Entre todas as novidades, o que mais está dando o que falar é o Galaxy Fold: primeiro smartphone dobrável da empresa e em circulação no mercado. O vídeo do Fold está circulando pelas redes sociais com comentários do tipo:“Samsung lançando celular com 1000 coisas e mesmo assim não consegue ser melhor do que a Apple”.

Time Apple X Time Samsung

Bom, vamos lá. A gente sabe que muitas pessoas compartilham desse pensamento e não pela quantidade de retweets, mas sim, pela galera que se dispõe a pagar R$7.000 reais ou mais em um smartphone. Também noto que existe uma falsa impressão que essas empresas estão de lados opostos. Como se existisse o #TeamApple e o #TeamSamsung. Talvez até exista entre os usuários, mas no mundo dos negócios não é bem assim. A verdade é que a Apple precisa da Samsung!

Simbiose corporativa

Atualmente, a Samsung é maior fabricante de celulares do mundo, responsável até por algumas peças presentes nos iPhones. A Samsung recebe cerca de US$ 110 por cada iPhone X vendido. Ela é a fornecedora exclusiva de painéis OLED para o aparelho, e também é responsável pelos chips de memória. Pausa para dizer que a Samsung detém quase 90% do mercado de telas OLED do mundo (tem texto aqui no Nerdspeaking explicando isso). Quase um monopólio. Isso porque a LG também está investindo pesado nesse mercado. O que significa dizer que qualquer outra empresa de Smartphones ou TVs têm, muito provavelmente, a Samsung como fornecedora de seus displays. Não é a toa que o lucro da empresa vêm crescendo de maneira notável. Já a Apple enfrenta tempos difíceis.

Maçã envenenada

De acordo com pesquisa realizada pela consultoria Longbow Research, a Apple está diminuindo entre 20% e 30% as encomendas do Iphone Xs Max e do Iphone XR, enquanto têm aumentado as vendas de modelos antigos, como iPhone 8 e iPhone 8 Plus. A razão disso? Bom, talvez sejam as inconsistências de mercado desde que, sejamos sinceros, Steve Jobs morreu.

Uma companhia que vendia produtos de design simples e elegante e acima de tudo úteis. O slogan “Pense diferente” parece que morreu junto com Jobs e quando Tim Cook assumiu o lema passou a ser “Não pense. Só Compre.” Na era Jobs no tínhamos: Um modelo de Iphone, Um modelo de Ipad e três modelos de Macbook (um mais fino e portátil, o regular e um mais poderoso e robusto). Fazia sentido. Hoje a gente tem Ipad Pro, o Ipad Pro 10.5 pol, o Ipad 7,9 pol e o Ipad Mini. Ufa Cansei!

A diferença entre eles são milímetros de espessura e centímetros de tela. Bastante inovador não acha? Inovação foi a palavra que também saiu do vocabulário da empresa. A última grande inovação, o IPad, foi desacreditado por muita gente quando Jobs apresentou para o mundo. O mercado dos Tablets deve agradecer a Jobs até hoje. Fora isso. Tudo é mundo parecido. O Iphone X que rendeu a apple o prêmio de empresa mais inovadora do mundo em 2017 é tão semelhante ao Iphone 7 e ao 8 que as pessoas estão preferindo comprar o 8! A falta de inovação está forçando a empresa a terceirizar sua produção e fazer parcerias com uma empresa no qual passou 7 anos brigando por plágio! Devo lembrá-los que o Galaxy S era uma cópia fiel do Iphone e rendeu a Samsung um custo de 150 milhões de dólares. Ironicamente, esse dinheiro está sendo pago com Iphones X, literalmente. No final das contas se a Apple lucrar, a Samsung lucra junto.

Mas algo parece não ter entrado ainda na cabeça do Tim Cook. O mercado de celulares mudou. Qualquer um que queira ter um celular, hoje em dia, vai ter um! IPhone ou não. E as companhias sabem disso e saturam o mercado com “novos” modelos caros ou não e no final o lucro volta para as mesma empresas de sempre. Talvez, a gente tenha se contentado em brigar por maçãs e marcas sem ver a qualidade dos produtos, sem questionar, apenas pelo hype que eles trazem. Mas parece que a queda de vendas da mais rica empresa de tecnologia do mundo é um recado importante. E se a Apple quiser continuar jogando esse jogo, vai precisar aprender a cortejar o consumidor novamente.