O marketing de Project Power destaca uma trama que bebe do universo dos super-heróis e adapta esses conceitos para o “mundo real”. Uma pena que não aproveitaram o pouco que tinham de original…
A história é ambientada em New Orleans, onde uma substância chamada Power está criando caos nas ruas. Quem ingere a pílula, ganha um poder imprevisível por cinco minutos. Nesse contexto, temos a adolescente Robin (Dominique Fishback), que trafica a droga. Seu caminho acaba cruzando com o do ex-militar Art (Jamie Foxx), e juntamente com o detetive Frank (Joseph Gordon-Levitt), eles buscam uma forma de parar a circulação do entorpecente e devem impedir que uma versão mais poderosa deste chegue às ruas da cidade. Para isso, eles deverão ir além dos seus limites.
A trama já diz tudo, e a forma como esses personagens conduzem a história faz toda diferença nesse tipo de filme “pipoca”, uma vez que tudo é previsível e a gente fica torcendo pelos protagonistas carismáticos. Infelizmente, esse não é exatamente o caso de Project Power, que está mais preocupado com o espetáculo pirotécnico e em caprichar nas cenas de ação violentas. Essa parte estética até funciona bem até certo ponto, mas os efeitos digitais são extremamente perceptíveis, e os práticos em alguns momentos são bem toscos (como a cena da mão estourada por uma arma). Esse tom meio “trash” não tira a gente do filme, e a gente fica assistindo para saber se vai rolar algo que surpreenda.
Mesmo não tendo um elemento “surpresa” que prenda a atenção do espectador, o elenco faz o que pode e isso é suficiente para que a gente crie uma conexão – ainda que frágil – com Power. Analisando individualmente, os personagens são interessantes, mas quando os três se unem, a coisa fica sem química, e nisso destaco o trabalho de Jamie Foxx e Joseph Gordon-Levitt, cujos personagens praticamente foram jogados nessa trama sem tempo para desenvolver a conexão deles. Isso acaba prejudicando o terceiro ato, que se já era previsível, fica pior. Dá pra ver que Jamie Foxx manda bem, mas Levitt parece meio “mecânico” demais.
Porém, Dominique Fishback realmente rouba a cena, e é essa personagem por quem a gente torce durante todo o tempo de duração. Pena que ela em alguns momentos é renegada por conta dos astros do filme, que acabam tendo mais tempo de tela e, sinceramente, forçam muito a barra em alguns momentos e a gente não tem empatia com nenhum dos dois. O roteiro também falha ao subestimar certos acontecimentos que deveriam ter um impacto maior na narrativa, mas simplesmente determinada questão é deixada de lado e a galera “paga de doido” durante o resto do filme fingindo que isso não aconteceu. Se eu falar mais, é spoiler.
A trama obviamente é uma metáfora para o consumo de drogas, e uma forma fantasiosa de combater essa prática. Considerando que os diretores Ariel Schulman e Henry Joost também são os responsáveis pelo suspense adolescente Nerve – Um jogo sem regras (aquele que é uma metáfora à Baleia azul), isso não me surpreende, mas a diferença entre os dois filmes é que na obra estrelada por Dave Franco e Emma Roberts, tivemos uma maior construção da tensão e do suspense, e as consequências são pesadas. Esse não é o caso de Power, que não está preocupado com esse tipo de discussão e foca apenas no elemento da ação. Até mesmo aspectos mais específicos da substância apresentada no filme poderiam ser mais explorados, mas para isso teremos que aguardar por uma possível continuação.
Se você espera tiro, porrada e bomba… Saiba que vai encontrar isso aqui! Apesar de ter muitos problemas, as cenas de ação são boas e empolgantes, principalmente no primeiro ato. No resto do filme, o trabalho nas cenas de luta é decente, mas a montagem e a edição com outras cenas mais “sérias” causam estranhamento.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Power é um filme pipoca, e isso significa que você irá encontrar diversão sem compromisso, apenas. Para entrar na onda desse filme da Netflix, a proposta é que você desligue o cérebro para algumas situações – o que, sinceramente, eu não consegui fazer – e não exigir muito da trama, que é cheio de conveniências. Particularmente, acho Project Power “okay”, mas tinha potencial para ser melhor.