As interpretações que podemos ter do novo Suspiria não são unânimes, mas uma coisa é fato: o filme não abusa de recursos de um ‘horror de arte’ à toa, visto que não possui jumpscares (aqueles sustos que só assustam porque são de repente) ou clichês do gênero, estando longe de ser algo convencional. Apesar da trama sobrenatural, tudo aquilo pode ser entendido como metáforas. A forma como o diretor conduz o filme sugere uma forma direta de enaltecer o poder feminino, visto que existem poucos personagens masculinos na trama, e o único que possui um papel relevante na história é interpretado por uma atriz sob pesada maquiagem. Isso pode ter sido proposital, para fortalecer o fato de que uma mulher pode desempenhar a função que bem entender, visto que apesar de ser perceptível o uso de maquiagem pesada, não é algo que incomode, deixando o espectador ainda mais curioso para entender as intenções de Guadagnino com essa refilmagem.
Outro ponto que levei em consideração na minha análise foi o cenário: uma instituição formada apenas por mulheres, administrada por um covil de bruxas, remetendo à Idade Média, onde vários especialistas apontam que algumas praticantes de bruxaria – marcada pelo poder feminino – eram mulheres à frente do seu tempo. A presença desse elemento sobrenatural específico colabora para esse meu pensamento, mas você pode ter uma leitura completamente diferente, a depender da intimidade com o assunto.
Se eu já disse bastante sobre as personagens, isso se deve aos aplausos que o elenco merece, sobretudo as protagonistas, Dakota Johnson e Tilda Swinton. As duas, junto com os coadjuvantes, nos conduzem por essa trama sinistra. Por falar em coadjuvantes, aqui eles não são deixados de lado, todos possuem importância para a história, que dedica subtramas para os mais relevantes para o roteiro. Outro ponto que merece o Tocantins inteiro são as performances de dança contemporânea, que casam muito bem com a história de Suspiria, e não dá “medo” nenhum, mas colabora para a ideia de que temos mais um ‘Horror de arte’ no circuito comercial. Isso é mais um motivo para muitos fãs de horror desavisados não gostarem do filme, visto que tantos acontecimentos bizarros podem não fazer sentido para quem busca algo mais convencional.
– Considerações finais
Suspiria é um filme muito bem realizado, que pode ser visto até mesmo por curiosidade! Uma obra interessante para ser absorvida e posteriormente discutida. Com aspectos sobre o movimento feminista em alta, sendo pauta de muitos debates, o roteiro do filme de Luca Guadagnino pode ser uma forte colaboração para esses estudos. As reflexões sobre as possíveis metáforas também são um ponto que podem fazer com que você precise assistir ao filme novamente para poder formar uma opinião definitiva, o que, sinceramente, eu creio que seja o meu caso.
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