A história se passa na cidade fictícia de Moordale e acompanha o tímido adolescente Otis (Butterfield), que decide criar uma “clínica do sexo” na sua escola, ajudando os estudantes com seus problemas íntimos, devido à sua especialidade no assunto graças à sua mãe Jean (Anderson), que é sexóloga. Para tal, ele contará com a ajuda de sua nova amiga Maeve (Emma Mackey) e Eric (Ncuti Gatwa), seu melhor amigo.
Quando nos deparamos com uma trama dessas, é muito fácil associarmos a um besteirol qualquer, e apesar de Sex Education ter realmente essa premissa e, olhando pela primeira vez para a trama, se apresentar como tal, à medida que a história vai avançando, percebe-se que a série de Laurie Nunn não é um besteirol, e sim uma excelente comédia com toques de drama, sendo verdadeiramente educativa, na medida certa.
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American Pie foi lançado há quase vinte anos, e até hoje é reconhecida na cultura pop, considerado um clássico besteirol. No entanto, se olharmos para a obra dos diretores Paul e Chris Weitz nos dias atuais, ela já se apresenta um tanto datada ao abordar temas como sexo e virgindade, apesar de ter influenciado parte da geração do final dos anos 1990 e início dos anos 2000 e estar na memória destes para sempre. Agora, imagine um produto que tenha inspirações em American Pie, sendo ainda mais caprichado e mais comunicativo com as novas gerações! Adicione a isso a exploração de outros temas tabus atuais, no formato de uma série, onde é possível conhecer melhor os personagens e seus dramas pessoais, tornando-os mais humanizados, e você tem Sex Education!
A série se dedica, além de abordar de forma educativa o sexo, a mostrar o dilema de Otis e seus colegas, além da vida pessoal de sua mãe. Entre os adolescentes, se destacam Maeve, Eric, Adam, Aimee e Jackson, que rapidamente cativam o espectador. Quando o primeiro episódio começa, você analisa a juventude apresentada na série, mas à medida que a história avança, já nos sentimos parte da rotina deles. Cada um dos personagens tem sua trama pessoal, apresentada de forma natural. É nessas horas que a série dá um tempo no humor e aposta de forma sensível no Drama, que aqui é muito bem vindo e não prejudica a vibe da série, pois os roteiristas amarram muito bem as pontas da trama, equilibrando o melodrama e o clima bem humorado.
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Temas como virgindade, aborto, relação entre pais e filhos e amadurecimento fazem parte do cardápio, e tudo é abordado sem pressa, e ainda assim tivemos uma temporada com duração perfeita, sendo oito episódios com aproximadamente 50 muitos cada. A diferença está no roteiro e na direção de atores, com quase todos eles dando um show, sendo a maior parte desconhecidos do grande público. O mais conhecido é o protagonista Asa Butterfield, que interpreta um personagem que apesar de não exigir muito dele como ator, consegue conquistar o espectador logo de primeira, assim como os co-protagonistas e coadjuvantes. Emma Mackey e Ncuti Gatwa se destacam como a rebelde Maeve e o divertido Eric, sendo meus personagens favoritos da série. Quando olhamos para eles pela primeira vez, nos deparamos com estereótipos, mas à medida que vamos conhecendo-os, compreendemos suas atitudes e, acima de tudo, gostamos deles.
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Por falar em estereotipo, isso é algo que Sex Education brinca bastante, fazendo referências a filmes teen, mas sem deixar de lado seu objetivo. Os personagens são o maior destaque da história, e durante oito episódios vamos explorando as suas camadas, fazendo com que a gente tenha outra leitura quanto a eles. Quando eu digo que essa série consegue dialogar numa boa com o público atual, isso se dá na humanização desses personagens. E se o garoto mais popular da escola, um atleta, tivesse na verdade problemas como ansiedade e cobrança da família e de si mesmo? É mais ou menos assim que funciona com os demais personagens.
De todos os temas abordados, um em especial foi apresentado de forma bem delicada: a questão do aborto. A série não procura julgar a atitude da personagem em questão, apenas mostrando seu ponto de vista e o impacto que tem em sua vida. Se o assunto tivesse continuidade em mais episódios, talvez o resultado seria ainda melhor, mas talvez isso tenha sido proposital para evitar tomar algum posicionamento e evitar polêmicas. De qualquer forma, a maneira como o aborto e outros temas foram retratados foi ao mesmo tempo leve e tocante, e de repente a gente já está sentindo o mesmo que eles.
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– Considerações Finais:
Portanto, gostaria de dizer que esse foi um grande acerto da Netflix. A segunda temporada já está garantida, e o final desse primeiro ano vai te deixar ansioso para ver o que pode acontecer daqui pra frente. Sex Education é a série perfeita para dar boas risadas e também se emocionar ao se colocar no lugar dos personagens. Só não espere nenhuma inovação para esse tipo de série, pois o melhor de tudo aqui é que os temas já foram explorados antes, mas a forma como Laurie Nunn conduziu a história faz toda diferença. Vou confessar uma coisa para vocês: Já fazia um bom tempo que eu não me apegava tanto a personagens de uma série. Não perca mais tempo e assista assim que possível, numa maratona bem rápida.
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