Um dos filmes mais aguardados do primeiro semestre acaba de estrear no circuito comercial, The Batman! O filme que traz de volta um dos personagens mais importantes para o DC Universe. E o resultado é exatamente o que esperávamos – ainda bem!
Contém Spoilers!
A trajetória do Homem-Morcego nos cinemas já dura pelo menos cinquenta e poucos anos, e cada adaptação tentou dar uma pegada diferente ao personagem da DC Comics. Algumas conseguiram, e outras confiaram no Bat-Cartão de crédito e – obviamente – a fatura chegou alta! Quando Nolan lançou sua trilogia, entre 2005 e 2012, passamos a considerar aquela versão como a definitiva do Batman nos cinemas, trazendo ele para o nosso contexto e inserindo ele numa trama realista de suspense.
E se eu te disser que ainda dava para tirar leite de pedra?! Apenas ignore o que fizeram em Batman v Superman – desculpa Ben, a culpa não foi sua, nem de longe – e você terá uma adaptação muito bem feita do vigilante de Gotham. A trama pega um vilão memorável, o Charada, e o insere no mundo globalizado, bem distante da versão caricata do Jim Carrey. Aqui, o personagem é interpretado por Paul Dano, e representa bem a capacidade de manipulação das pessoas. E isso é só um aperitivo do que a trama oferece ao espectador.
Vamos pegar agora o Pinguim, um personagem pra lá de cartunesco nos quadrinhos, que foi ganhando seus upgrades com o tempo. Aqui, Colin Farrell interpreta o mafioso sob pesada – e muito bem feita – maquiagem, entregando justamente o que esperávamos para ver nas telonas desde 1992. É algo totalmente diferente do que Danny DeVito fez, se baseando na estrutura narrativa dos filmes do Nolan com a pegada de Scorsese e Fincher. Ainda falando no Oz/Pinguim, tem uma cena incrível de perseguição entre ele e o Batman que é, ao meu ver, a melhor do filme inteiro.
O novo Batman tem poucas cenas de ação, mas elas são bem feitas e estão perfeitamente encaixadas no roteiro, que dá prioridade ao suspense e o terror provocado pela presença intimidadora do Charada, uma verdadeira bomba relógio! Por falar nisso, o ritmo é relativo, mas tem uma cadência bem mais lenta, o que justifica a duração do filme. Não que Batman seja necessariamente um filme longo e maçante, mas faltou equilibrar melhor as subtramas. Um exemplo é o arco do Falcone e da Selina, que atrai nossa atenção por conta da performance poderosa de Zoe Kravitz e a descontração de John Turturro, mas em certo ponto a conexão com a trama principal demora a ser feita, e o filme se perde um pouco.
Muitos fãs podem ficar encucados com a falta de um clímax marcante, embora isso seja característico dos últimos filmes do Matt Reeves – é só parar para observar a narrativa de Planeta dos macacos: A guerra. A prioridade é contar essa história e fazer o espectador se sentir imerso com aqueles personagens, e a recriação de Gotham como um lugar mais perigoso do que nunca, numa ambientação que não deve nada a Batman: Ano Um, deixa a gente preso na história.
A classificação indicativa baixa também não atrapalha, já que Nolan também fez isso com sua trilogia, e isso permite que Reeves vá pelo mesmo caminho para transmitir a sensação de desconforto com uma violência sugerida – e isso não nos poupa de umas cenas bem cabulosas. Boa parte do crédito também deve ir para a atuação de Robert Pattinson, num desempenho quase niilista, conversando apenas com um olhar e uma presença intimidadora. Ele é o Batman mais jovem, e a ideia de mostrar suas inseguranças funciona bem, mostrando que ele ainda está longe de ser meticuloso como conhecemos. O roteiro poderia ajudar dando a ele alguns diálogos menos artificiais, mas isso não atrapalha tanto.
Parte essencial da nossa imersão também é provocada pela trilha sonora hipnotizante, aparecendo nos momentos certos e garantindo sensações mistas de acordo com a cena. Os elementos surpresa estão ali também para gerar certa empolgação – o Coringa de Barry Keoghan só aparece de relance no finalzinho, mas é suficiente para deixar os fãs satisfeitos. Algo interessante é que ele não é creditado como o vilão, mas sim como “Paciente não visto no Arkham”, mas a risada é inconfundível.
Considerações finais
The Batman não tem cenas pós-créditos – a menos que uma mensagem de despedida do Charada que dura dois segundos seja algo relevante para você. É algo melhor do que a cena de Spiderman: Homecoming, e nem é necessariamente um momento, já que ninguém aparece, apenas uma mensagem de TCHAU-TCHAU. O filme é bem completo do jeito certo, sem precisar criar ganchos gritantes para reforçar a ideia de que existem planos ambiciosos para esse universo do Pattinson como o herói. Não é o melhor do Batman, mas certamente ocupa um lugar alto no pódio.
Esse filme tá realmente muito bom. Um dos melhores batmans SIM!