Um homem que não se considera um reles mortal, corrompido pela ganância e a sede de ter sempre mais. Um neto sequestrado e um pedido de resgate: 17 milhões de dólares. Um filme que é indicado aos Oscars. Será que vale a pena assistir?
Em Todo Dinheiro do Mundo, Jean Paul Getty (Christopher Plummer) é um avarento magnata do petróleo que se nega a pagar o resgate do seu neto, John Paul Getty (Charlie Plummer), sequestrado nas ruas de Roma. A trama se desenvolve com a persistente tentativa de Gail (Michelle Williams), mãe do rapaz raptado, de conseguir convencer o seu ex-sogro a pagar o resgate do neto. Para isso, ela ainda conta com a ajuda de Fletcher Chase (Mark Wahlberg), assistente do ricaço, para conseguir reaver o seu filho.
Recheado de polêmica nos bastidores após as acusações de assédio despencarem sobre a cabeça de Kevin Spacey, ator que originalmente interpretaria Jean Paul Getty e que acabou sendo substituído de última hora por Christopher Plummer, o filme em si pareceu ter sofrido com as mudanças tardias, mas suas falhas não podem ser totalmente justificadas por isso. A falta de profundidade presente em quase todo o filme, salvo os minutos finais, talvez seja o maior problema nessa obra dirigida por Ridley Scott (Alien, Blade Runner). Pareceu um filme guiado de maneira preguiçosa, sem esforço tanto da parte técnica quanto da parte de atuação, indo dos excessos de Michelle Williams à aparente falta de carisma do Charlie Plummer.
Embora tenha sido escalado às pressas para interpretar o velho sovina, Christopher Plummer pôde entregar uma performance simples e concisa, conseguindo se destacar ao representar consistentemente a personalidade da personagem, a acidez presente em alguns comentários e a incapacidade de mostrar seu lado mais humano. Por outro lado, Mark Wahlberg se apresentou como um mero coadjuvante, apesar de ter mais tempo de tela que personagens mais importantes da trama, surgindo como um ponto bastante neutro e por vezes, descartável.
Quanto aos aspectos positivos do longa, pode ser destacada a maneira de como a grandiloquência de Jean Paul Getty foi apresentada, mostrando toda a crença pessoal de que as pessoas que carregam o Getty em seu nome não são meros mortais. A relação de Cinquanta, um dos sequestradores, com o John Paul Getty, criando uma espécie de amizade entre os dois é bem trabalhada, em que ao mesmo tempo existe a preocupação com o dinheiro do resgate, mas também com a vida do rapaz raptado.
– Considerações Finais:
No geral, Todo Dinheiro do Mundo é um filme básico, porém com pretensão de ser grandioso. Não consegue alcançar tal patamar devido à sua inconsistência narrativa e de certos componentes do elenco. O longa poderia ter sido mais ambicioso na maneira de contar as histórias no cativeiro e explorado melhor a ligação do homem mais rico do mundo (na época) com seu neto. Não foi sabido administrar bem as relações afetivas entre as pessoas envolvidas na história, comprometendo assim a transmissão de maneira realista da trama para quem assiste. Todo o Dinheiro do Mundo não é uma grande obra do cinema, tampouco inesquecível, mas também não pode ser considerado um péssimo filme.