Chegou o momento da indústria dar os biscoitos para as produções que mais se destacaram em 2019! E que década para quem é cinéfilo, hein?! Confere aí, 6 filmes que são muito bons, mas que muito provavelmente não serão indicados a maior premiação da temporada: o Oscar.
A temporada de premiações iniciou com a entrega das premiações no Globo de ouro 2020. O primeiro momento de celebração das produções (não só cinema, mas também, neste caso, na televisão) indicou para melhor drama “O Irlandês”, “História de um Casamento”, “1917”, “Coringa” e “Dois Papas”. Sendo destes, “1917” e “Coringa” os grandes vitoriosos da noite.
Por outro lado, na categoria melhor filme de musical ou comédia os indicados foram “Entre Facas e Segredos”, “JoJo Rabbit”, “Meu Nome É Dolemite”, “Rocketman” e “Era Uma Vez em… Hollywood”. Sendo o último, o grande vencedor seguido do também ótimo “Rocketman”. Sabe o que as duas categorias têm em comum? Nenhuma das duas indicou algumas das que considero as melhores produções em termos de atuação, edição, fotografia e principalmente valor de entretenimento e discurso!
Uncut Gems
O filme conta a história de Howard Ratner, que é o dono de uma loja de jóias e está repleto de dívidas. Sua grande chance em quitar a situação é através da venda de uma pedra não lapidada enviada diretamente da Etiópia, cheia de minerais preciosos. A produção traz uma performance impressionante de Adam Sandler (who would’ve thought?) e um ritmo fortíssimo (méritos na edição e direção, que nos deixam quase sem fôlego).
Clemency
Gente, eu sempre gostei da Alfre Woodard. Ela tem em sua carreira “Cross Creek”, que lhe rendeu uma indicação ao Oscar nos anos 80; “Miss Evers’ Boys”; e o papel de Black Mariah na cancelada Luke Cage, mas aqui ela carrega o filme nas costas. E que filme, meus amigos!
A história nos leva para o mundo da guarda Bernadine Williams (Alfre Woodard) que depois de anos sendo a responsável por conduzir diversos presos ao seu destino final no corredor da morte se prepara para mais uma execução, quando cria um inesperado laço afetivo. É íntimo, é potente, é cinema! É um estudo da personagem através dos dilemas morais.
The Last Black Man in San Francisco
Cansado de ser passado para trás e ignorado, Jimmie (Jimmie Fails) tem o sonho de recuperar a modesta casa vitoriana que seu avô construiu em São Francisco. Acompanhado por seu melhor amigo, ele inicia uma jornada para que consiga conquistar o que é seu de direito dentro de uma cidade que parece ter esquecido qualquer senso de empatia.
Não é só um jornada íntima e afetiva dos personagem, a cidade presente no título é uma personagem. O jornal The Guardian disse que este filme “é mais um arquivo da metrópole em rápida transformação, como documentado por dois sonhadores profundamente protetores e românticos sobre sua cidade natal”.
Booksmart (Fora de série)
A comédia conta a história de duas grandes amigas conhecidas por serem os maiores prodígios da escola e que estão prestes a terminar o ensino médio, mas faltando poucos dias para o grande momento, elas percebem que estão arrependidas por terem estudado tanto e se divertido tão pouco. Determinadas a não passarem por todo esse tempo sem nenhuma diversão, elas decidem correr atrás dos 4 anos perdidos em apenas uma noite.
Sabe quando você percebe que algo tem uma voz? Um identidade e autenticidade? Pronto! Esse filme tem grandes conquistas na direção de Olivia Wilde. É um cenário muito mais complexo que bullies vs nerds e essas classificações que foram se aglutinando e tornadas verdades ao longo do tempo pelos filmes. Booksmart (Fora de série) é inteligente, engraçado e feminista!
Just Mercy
Uma história verídica impactante e instigante, Just Mercy acompanha o jovem advogado Bryan Stevenson (Jordan) e sua luta célebre por justiça. Após se formar em Harvard, Bryan poderia ter optado por um emprego com um bom salário. Ao invés disso, ele vai ao Alabama para defender pessoas que foram condenadas injustamente, com o apoio da advogada local Eva Ansley (Larson).
O filme foca em um de seus primeiros – e mais polêmicos – casos: o de Walter McMillian (Foxx), que, em 1987, foi condenado à morte pelo assassinato de uma jovem de 18 anos, apesar das evidências que apontam sua inocência e o fato de que o único depoimento contra ele veio de um criminoso com motivos para mentir. O drama é um poderoso evidenciador nas estruturas racistas dentro do sistema judiciário e, por conseguinte, do sistema prisional norte-americano (assim como Clemency).
Harriet
Por fim, tenho que indicar Harriet, a cinebiografia da icônica abolicionista Harriet Tubman, que fugiu e ajudou a libertar dezenas de escravos. O filme é dirigido por Kasi Lemmons (Luke Cage) e traz Cynthia Erivo (As Viúvas) no papel principal. Racismo estrutural, resistência, a luta das mulheres negras e muito mais. É quase impossível nomear os temas abordados pelo drama histórico.
O filme acompanha Harriet Tubman desde o início de sua vida como escrava em Maryland, sua fuga de lá para Philadelphia e a luta pela liberdade de outros milhares de escravos. É instigante, poderoso e dá aquele calorzinho no coração!
