Não só de séries e longas-metragens viverá xs cinéfilxs, ainda mais com uma produção tão interessante de curtas aqui no Brasil. Por isso, o Nerdspeaking indica 7 curtas nacionais que você muito provavelmente não conhece!
O Brasil tem grande cineastas como Suzana Amaral (A hora da estrela, Hotel atlântico), Glauber Rocha (Deus e o diabo na terra do Sol, Barravento), Joel Zito Araújo (As filhas do vento, A negação do Brasil) e poderíamos continuar aqui ad infinitum, mas a gente sempre foca nos trabalhos mais longos.
Quando pensamos em curtas lembramos de Ilha das Flores, que foi eleito merecidamente o melhor curta-metragem brasileiro de todos os tempos segundo a ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema) com sua linguagem hibrida entre o documental, o ficcional e o filme ensaio.
Os curtas são importantes para xs autorxs porque estão no inicio da formulação da identidade e da voz de cada um. Servem para o portfólio e para as mentes impacientes!
Vinil Verde
A primeira indicação é Vinil verde. Como todo bom recifense, começo esta lista de indicações trazendo esse curta recifense, dirigido por Kleber Mendonça Filho (2004), e que conta a história de uma menina presenteada com vinis coloridos. Deslumbrada com as cores, ela se encanta quando escuta as músicas na vitrola. Proibida de ouvir o vinil verde, o que mais desperta a sua curiosidade, a menina escuta o Vinil o que trás consequências para sua mãe.
Esta fábula que discute questões inter geracionais no bairro de Casa amarela, Recife, tem um ar experimental e interessante que desvela as raízes cinematográfica de Kleber Mendonça Filho (KMF), o autor, que neste trabalho foi responsável pela direção, co-roteiro e cinematografia, é reconhecido pelo ótimo Recife Frio e pelos seus longas: Aquarius (2016), O som ao redor (2012) e, mais recentemente, Bacurau (2019).
Escrito em conjunto com Bohdana Smyrnova, o curta usa imagens estáticas e uma voz em off para trazer a estranheza, a imaginação e abstração infantil para absorver as questões pesadas dos adultos. Soma-se ao trabalho de KMF o também ótimo Eletrodoméstica, o experimental e interessante A menina do algodão e o melodrama Noite de Sexta, Manhã de Sábado.
O interessante é ver que as bases reais e irreais de Aquarius, os problemas urbanos, mas estruturais de O som ao redor (2012) e Bacurau (2019) estão sedimentados e presentes em como o autor opera a linguagem.
Eletrodoméstica (menção honrosa)
O já citado curta de KMF (2005) conta a história de uma família de Setúbal, Recife, no dia em que chega uma TV de 29 polegadas à casa. A dona de casa se ocupa com tarefas corriqueiras, enquanto espera ansiosamente pelo fim do trabalho da máquina de lavar.
Di Cavalcanti
Di Cavalcanti é um documentário de curta-metragem brasileiro de 1977, dirigido por Glauber Rocha, em homenagem ao pintor Di Cavalcanti, falecido no ano anterior. É o documentário mais “não documentário” que você verá. Ele mistura sátira, com críticas as críticas artisticas. Rocha vai do documental ao irracional, da criação às mediações artísticas. Com este curta, Glauber Rocha ganhou a Palma de Ouro de curta-metragem.
O curta parece uma confusão imagética da mente de um criador, de um pintor, será essa a intenção? Em novembro de 2015, o filme entrou na lista da Associação Brasileira de Críticos de Cinema dos 100 melhores curtas brasileiros de todos os tempos, ocupando o segundo lugar, atrás do já citado “Ilha das flores” (1989), de Jorge Furtado.
CARTÃO VERMELHO
Com Camila Kolber e Francisco Rojo, a renomada diretora Lais Bodanzky traz, antes mesmo do incrível Bicho de sete cabeças (2000), o curta Cartão vermelho (1994). A história apresenta Fernanda, que gosta de jogar futebol com os meninos. Joga bem, dribla, faz gol. Mas, para ela, o apogeu de sua intimidade com a bola é fazê-la voar diretamente até os países baixos dos meninos.
Um dia, a protagonista chega atrasada para bater bola e não encontra ninguém. No esconderijo, os meninos tramam algo até que Fernanda, que sabe onde é o local, chega e um brilhante comentário social entre gênero, performance de gênero e futebol é traçado no formato 35mm da diretora.
TORRE (menção honrosa)
Para finalizar esta lista, queria trazer uma animação. A escolha é Torre (2017) dirigido por Nádia Mangolini com roteiro de Gustavo Vinagre e Música composta por Dudu Tsuda.
O curta, disponível no Vimeo, apresenta a história de quatro irmãos, filhos de Virgílio Gomes da Silva, o primeiro desaparecido político da Ditadura civlil-militar brasileira, relatam suas infâncias durante o regime.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Todos os curtas mencionados podem ser vistos ou no Vimeo, ou no maravilhoso Portal curta e/ou no YouTube. Há também no Youtube esta playlist com os 100 melhores curtas-metragens eleitos pela Abraccine.