Depois de uma década sem um filme nos cinemas dedicado ao Senhor dos Anéis, somos convocados novamente para assistir agora A Guerra de Rohirrim. Uma verdadeira batalha entre roteiro, lore e a tentativa de novamente trazer os antigos fãs aos cinemas… Para assistir agora um anime do que antes fora o paradigma do cinema fantasioso épico.
Por Joegrafia – Negro. Comunicador e Radialista. Editor, roteirista e fundador do NerdSpeaking. 🎙
10 anos se passaram desde o lançamento do último filme da série Senhor dos Anéis nos cinemas, com a terceira parte de O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos. Uma década depois, somos novamente convocados aos cinemas para mais uma batalha épica, uma nova tentativa de contar mais uma das lendárias histórias que moldaram todos aqueles lugares que vimos e conhecemos ao longo de uma sextalogia de filmes. Entre altos muito altos… e baixos muito baixos, aqui estamos nós novamente! Para uma nova-velha guerra: A Guerra de Rohirrim. Prestou?
Curto e grosso: Não.
Sem essa de “filme feito para fãs” ou “histórias ainda a serem contadas”. Não. O que vemos no novo capítulo de Senhor dos Anéis — agora, por algum motivo, uma aventura animada — é um filme desconexo, que não sabe para onde quer apontar, enquanto lança várias referências rasas à profunda lore criada por J.R.R. Tolkien. A história se passa na conhecida Terra Média, mas é só isso. No restante, trata-se de um filme vagamente baseado nos múltiplos apêndices que Tolkien deixou para trás em seus livros. Um prequel, ambientado antes mesmo das aventuras do, também prequel, Hobbit.
Em Senhor dos Anéis: A Guerra de Rohirrim, acompanhamos o conflito de Helm Hammerhand, um dos reis de Rohan, que travou batalhas gigantescas contra exércitos de homens selvagens — os Dunlendings — que cobiçavam o trono de Rohan. O filme promete nos contar as histórias não contadas, das heroínas cujos nomes nunca foram celebrados nas canções vitoriosas da Terra Média. É a história não contada de Héra, filha de Helm Hammerhand, e sua luta pelo trono, pelo reino e pela sobrevivência.
Você vai reconhecer as locações. Vai entender as alusões. Vai perceber que o filme tenta traçar paralelos engraçados com personagens que lembram outros já conhecidos (seja de Senhor dos Anéis, seja de O Hobbit)… Mas é isso. No resto, A Guerra de Rohirrim parece um filme arrastado, que não sabe quais caminhos deseja seguir. Divide-se entre a história de Helm, um protagonismo forçado para Héra, e uma tentativa de resgatar as figuras mitológicas da rica cultura criada por Tolkien. É uma história de homens mortais, fadados a morrer — mas numa guerra menos que morna, lenta e mal contada.
O Senhor dos Anéis: A Guerra de Rohirrim – uma guerra de roteiros
O filme se arrasta com personagens subdesenvolvidos e sem motivações plausíveis. Aliás, as motivações e passagens de tempo são tão mal pensadas que o filme parece esquecer seus próprios objetivos e sua urgência, apresentando uma guerra esvaziada, justamente em um dos postos de guerra mais importantes da história da Terra Média.
A Guerra de Rohirrim é uma decepção das grandes. Não se justifica pelas referências nem pelas tentativas de conexão nos 10 minutos finais de filme. 10 anos depois de um fechamento igualmente confuso (em roteiro), mas grandioso em batalhas, com O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos, é triste ir aos cinemas para ver um nome tão grande da fantasia épica reduzido a uma animação simples, rasa e desconexa.
Ambos os filmes — o de 10 anos atrás e o desta década — tiveram uma oportunidade única de imaginar histórias não contadas ou contadas de forma incompleta: criar guerras fantásticas, sobre um cenário recheado de contos, músicas e poemas. Mas não conseguiram. Também não consegui esperar para que chegasse aos streamings — como deve chegar muito em breve. Mas deveria.