Precisamos falar de Mafalda, porque Mafalda fala muito sobre nós. Precisamos falar de Quino porque apesar de sua morte, a luta continua e suas tirinhas fazem parte dela.
O que faz a diferença nas tiras da Mafalda é a mensagem, para além da própria mensagem que é passada a cada tira. Quando a gente lê Mafalda somos convidados e convidadas a ir de tirinhas cômicas, piadas práticas e coisas do tipo; é sobre uma crítica social, política e – apesar de bem ‘velhinha’, uma crítica bem atual ao nosso mundo.
O curioso é que apesar de já tenha se passado mais de 50 anos desde sua primeira tirinha, a Mafalda continua viva, atual, respeitada e constantemente citada. Hoje muitos a conhecem pelos simulados de provas, nas atividades de língua portuguesa e interpretação de texto, ou mesmo em livros de história, afim de dar um contexto histórico de forma leve e mas realista.
Como uma personagem tão jovem pode debater de forma tão ampla assuntos como regimes ditatoriais, a ONU, as guerras que cercavam a época, entre tantos outros temas e ainda ser a doce menininha que amava brincar e se divertir? É bem simples; Quino usava de narrativas que parecessem realmente inocentes e até engraçadas, que até hoje costumam confundir seus leitores. Mas não se engane! As tirinhas da Mafalda são repletas de sacadas inteligentes! Você pode ver isso inclusive nos diálogos travados com seus amigos, que além de colegas da Mafalda, representam uma espécie de “estereótipo”. A seguir, um pequeno resumo sobre os personagens principais:

Felipe: Um jovem garoto sonhador, que vive no mundo da lua! Por ter apenas 7 anos de idade, Felipe costuma brincar bastante e transformar tudo ao seu redor num cenário fictício e surreal. Mas logo vem alguém e estraga os seus sonhos e suas fantasias, frustrando-o e trazendo-o de volta para a realidade. O seu personagem é uma referência aos que sonham e aos inocentes, que frustram-se ao ver seus sonhos e esperanças irem por água abaixo. Portanto desistem.
Susanita: A caricatura da mulher burguesa de décadas atrás. Egoísta e preconceituosa, seus maiores desejos provém das futilidades da vida. Sempre preocupada com o “status social”. O que mais almejava era ter vários filhos e casar com um homem rico e bonito (o que faria inveja as suas amigas). Em várias tirinhas podemos ver discussões fervorosas entre ela e Mafalda, pois Mafalda pensa no bem comum, enquanto a Susanita quer que seu individual seja acatado.
Manolito: O retrato do capitalismo, Manolito é um garoto que vive atrás de trabalho… Ou do dinheiro que o trabalho proporciona! É um garoto bastante egoísta e ganancioso que adora ver os preços subirem com as inflações e taxações dos produtos do armazém de seu pai. Seu maior sonho é abrir a sua rede de supermercados e derrubar todos os pequenos mercados, e enfim ganhar espaço no mercado exterior.
Miguelito: Assim como Felipe, um sonhador. Mais novo que seus amigos, o Miguel tem 5 anos e detesta ter essa idade. Ele quer sempre ser o centro das atenções, o que o torna por várias passagens, um garoto egoísta. Por ser um menino inocente, Miguelito costuma levar tudo o que dizem ao pé da letra, fazendo com que quase sempre não entenda o que seus amigos dizem.
Libertad: Assim como a Mafalda, Libertad é bastante inteligente e intelectual. Uma menininha crítica que defende as revoluções e reivindicações populares. Libertad é publicamente “de esquerda”, que defende os ideais socialistas. Talvez apenas um reflexo de sua criação, já que seus pais seguem as mesmas ideias.
Guille: É o irmão mais novo de Mafalda, e sem dúvidas a verdadeira representação infantil deste universo. Guille é um menino bastante curioso, que vai descobrindo e entendendo o mundo aos poucos, no decorrer de seu crescimento, sendo ensinado pelo mundo e pela Mafalda.

