Aposto que você já sabe do que o filme trata, abordando uma família que é assombrada por fantasmas em sua nova residência, no início da década de 1970, e contratam o casal de demonologos (especialistas em capirotos) Ed e Lorraine Warren para resolver o caso, que será um verdadeiro pesadelo para todos os envolvidos. A história é baseada em um caso real ocorrido em Harrisville, e todos os personagens principais (os Warren e a Família Perron) existiram de verdade, o que torna tudo ainda mais tenso. Ainda que o filme tome diversas liberdades poéticas com a verdadeira história, criando situações originais para provocar medo no espectador, ele cumpre sua missão com honra: fazer a gente suar frio e roer as unhas!
O filme se tornou um sucesso por dar exatamente o que o público atual quer: sustos muito bem elaborados (os jumpscares). Para mim, isso é um recurso que precisa ser usado com cuidado, servindo como mero completamento para um filme de terror, auxiliando na construção da tensão em cena. O problema é que alguns filmes investem suas forças totalmente nesse recurso, que acaba ficando apelativo. Felizmente, não é o caso do primeiro Invocação do Mal!
Todos os personagens do filme são bem explorados, desde o casal Perron, suas cinco filhas até os Warren. Ainda que seja um filme com uma história tenebrosa e a sensação de perigo eminente, conseguimos nos identificar e ter empatia com aquela família que sofre com a presença sobrenatural. As filhas Perron passam por maus bocados, sendo difícil dizer qual delas protagoniza a cena mais tensa. Ainda que Ed e Lorraine Warren (interpretados respectivamente por Patrick Wilson e Vera Farmiga) estejam na função de protagonistas e sendo retratados como os responsáveis por proteger a família Perron, isso não impede o roteiro de colocar o casal em situações que testam a sua sanidade, visto que eles também passam por maus bocados e são obrigados a enfrentar seus próprios demônios.
A participação dos Warren na história verdadeira não foi exatamente conforme a ilustrada no filme, visto que a presença deles na casa piorou os fenômenos sobrenaturais, o que fez com que o verdadeiro Roger Perron os expulsassem da sua propriedade. Porém, em aspectos cinematográficos (e hollywoodianos, evidentemente), isso serve apenas como curiosidade, por que o filme é excelente, e se ignoramos a história real, ele ainda mete medo!
Algo que também merece destaque é a trilha sonora e a mixagem de som, colaborando perfeitamente com os momentos de tensão. A câmera do James Wan também é um outro acerto, nos conduzindo por toda aquela casa, que
pode ser entendida como mais um personagem, sendo uma espécie de receptáculo.