Nessa pandemia, uma das séries que maratonei foi One Tree Hill, uma história dividida em nove temporadas que foca em um grupo de jovens, e acompanhamos eles do início do ensino médio até a fase adulta.
Exibida na TV aberta com o título nacional – e novelesco – de “Lances da vida”, One Tree Hill estreou originalmente em 2003 e embora tenha feito um moderado sucesso, conquistou sua legião de fãs, que acompanharam a série até o fim, em 2012. A trama é ambientada na cidade fictícia de Tree Hill, na Carolina do Norte, e começa acompanhando a vida do adolescente Lucas Scott, que sonha em se tornar um ótimo jogador de basquete, sonho que compartilha com seu irmão Nathan Scott, com quem nunca se deu muito bem. Além disso, a única coisa que esses irmãos tem em comum é o pai: Dan Scott, um empresário inescrupuloso que engravidou Karen Roe, a mãe de Lucas, na adolescência, porém acabou ficando com Deb Lee, com quem teve Nathan.
Quando Lucas entra para o Ravens, time de basquete da escola, acaba se aproximando aos poucos de seu irmão, mas também acaba levando sua namorada, a líder de torcida Peyton Sawyer, por quem se apaixona. Paralelamente, Nathan começa a sair com Haley James, melhor amiga do Lucas, de início apenas para provocá-lo, mas acaba se apaixonando de verdade por ela e os dois passam a viver um intenso relacionamento. Também temos outras tramas paralelas, como a de Brooke Davis, melhor amiga de Peyton que acaba se apaixonando por Lucas. A trama pode parecer um drama clichê e isso é intencional nos primeiros episódios, pois à medida que a trama avança a gente vai conhecendo melhor os personagens e vendo o quão humanos eles são. Além disso, a série também brinca com arquétipos dos jovens, pois acompanhamos o que eles são na escola, na frente das pessoas, e como é a rotina deles lá fora.
É o caso de Peyton, que no início pode parecer o estereótipo da líder de torcida popular, mas se mostra logo uma das melhores personagens da série: sua mãe faleceu quando ela era criança e seu pai trabalha fora, fazendo com que ela more praticamente sozinha. Além disso, Peyton tem um sonho de abrir uma gravadora, já que a música é o que a move. A narrativa transcorre quase no ritmo de uma “Malhação” – nas primeiras temporadas – vendo os dilemas dos personagens que cercam os protagonistas, e são abordados temas importantes que vão mudando ao longo das temporadas.
Outra galera que marca presença são os garotos da Quadra do Rio, que jogaram com Lucas durante a infância e até hoje mantém amizade, como Skills e Mouth, cujos dilemas vão sendo aprofundados ao longo das primeiras temporadas. Também gostaria de chamar atenção para o personagem Jimmy Edwards, que tem um arco importantíssimo na terceira temporada, mas que aparece quase como um figurante na primeira.
Falando nisso, é impressionante a evolução dos personagens ao longo dos anos, o que faz com que nos identifiquemos com eles desde já. As quatro primeiras temporadas são ambientadas no Ensino Médio, e observamos eles durante a adolescência, mas ainda assim com tramas bem maduras como gravidez, uso de drogas, bullying, – que é o tema principal da terceira temporada e um ponto de virada importantíssimo – relação entre pais e filhos, independência e liberdade.
A partir do quinto ano, a série literalmente se renova, dando um salto temporal de quatro anos e mostrando a vida dos personagens, agora adultos. Falar como a vida deles muda envolve alguns spoilers, uma vez que cada temporada, embora faça parte de um determinado ciclo na vida dos protagonistas, meio que é completa, representando um ano importante para eles e as situações que enfrentaram. Porém, digamos que o que já era mostrado de forma madura é elevado a um outro nível, e embora tudo pareça um “sonho realizado” no começo da temporada, vai se mostrando uma mera ilusão, e observamos que todos ali ainda tem muito a aprender.
Um outro fator que marca muita presença em One Tree Hill é a música, desde a abertura, cujo som é do Gavin DeGraw, até alguns astros que posteriormente fizeram até mesmo uma turnê musical para divulgar a série. Kate Voegele, Betthany Joz Lenz e Tyler Hilton são alguns desses atores, e todos tem sua importância na série. Confira aqui a abertura da primeira temporada:
https://www.youtube.com/watch?v=6hd2PNlyv3o
Por outro lado, a série também teve suas polêmicas nos bastidores que merecem atenção, como o fato de Mark Schwahn, o criador da série, ter sido acusado de assediar as atrizes do elenco, especialmente Hilarie Burton, que pediu demissão por não aguentar mais a pressão. Assim, sua personagem, Peyton, deixou a série na sexta temporada. Inclusive o Schwahn foi demitido da série que estava produzindo quando esse caso vazou. É uma situação muito delicada que certamente mexeu com o psicológico do elenco, e por isso mesmo devemos assistir a esta série com outros olhos.
Evidente que, por ser uma série longa, One Tree Hill também tem suas falhas, principalmente na sexta temporada, quando a galera ficou sem ideias e resultou em arcos desnecessários. É fato que muita coisa aconteceu, e a série mesclou drama, comédia e até mesmo suspense em alguns episódios. Quando a trama é bem construída – especialmente nas quatro primeiras temporadas – isso funciona muito bem! Outros personagens que chegam mais tarde também movimentam a trama, como o cineasta Julian Baker, que chega na sexta temporada; a fotógrafa Quinn James, irmã de Haley e Clay Evans, que entram no ano seguinte.
Considerações finais
Se você gosta de séries dramáticas e de acompanhar os personagens, se sentindo na pele deles, One Tree Hill é uma série que vale muito a pena assistir! Com exceção da quinta e da nona temporadas – que têm menos episódios – cada uma tem aproximadamente vinte e poucos eps. A série completa está disponível no Globoplay!