O reboot de uma franquia muito querida dos anos 2000 já está entre nós, e embora não tenha nada de novo nesses filmes, eles têm seu charme. Infelizmente, esse não é o caso do novo Pânico na floresta.
Recebendo o subtítulo “A fundação”, esse novo capítulo da franquia Wrong Turn tem sido responsável por criar um hype gigantesco pela internet desde que foi anunciado, ainda que a equipe envolvida tenha deixado claro que muitas mudanças estavam sendo feitas, e que a história seguiria uma direção diferente. De certa forma, isso foi parcialmente feito, mas digamos que os roteiristas preferiram não arriscar muito e optaram por continuar na trilha, o que não seria um problema se o filme não tivesse se vendido como o “diferenciado”.
A trama não acrescenta nada de novo: jovens vão para uma cidade pequena com intuito de realizar uma trilha na floresta. Mesmo com várias advertências de moradores para não saírem da área demarcada, o grupo acaba se arriscando no meio da mata em busca de uma cachoeira. Não demora, porém, para o caminho deles se cruzar com uma misteriosa comunidade que faz as suas próprias leis. Até aí, premissa padrão desse tipo de filme, e é óbvio que um dos jovens vai meter os pés pelas mãos e colocar seus amigos em perigo. E também é óbvio que vamos torcer para a maioria deles morrer!
O problema de Pânico na floresta: A fundação já é evidente nas decisões do roteiro: paralelamente, enquanto o grupo luta para sobreviver aos “vilões” na floresta, o pai de um deles segue uma busca desenfreada pela cidade, seis semanas depois do desaparecimento dos jovens. Essa conexão, no entanto, não é muito bem feita e até mesmo quebra a tensão. Isso não foi por conta da atuação do Matthew Modine – que faz o pai desesperado – mas sim por conta das situações em que o personagem se envolve. Tem algumas cenas em particular que são absurdas – no pior sentido – e cheias de conveniências de roteiro, o que a gente poderia relevar se o filme ao menos tivesse seguido as próprias regras.
O grupo de jovens até parece interessante quando vistos pela primeira vez, refletindo bastante a dinâmica da nova geração, mas a partir do momento em que o terror entra em cena, toda a construção – por mais rasa que tenha sido – é em vão. Por exemplo, nós temos um casal homossexual no grupo, porém um deles é o primeiro a morrer e o outro não tem qualquer tipo de desenvolvimento. Ou seja, fica parecendo que os roteiristas e o diretor Mike P. Nelson simplesmente jogaram isso em cena numa tentativa de fazer os jovens se identificarem, mas no fim das contas acaba sendo até mesmo um desrespeito, pois o ritmo “slasher” da obra segue os padrões desse tipo de produção- a forma como as mulheres são tratadas, assim como o rumo que já comentei sobre os personagens LGBTQIA+, só para citar alguns problemas. Dessa galera, apenas a Charlotte Vega consegue tirar leite de pedra, entregando uma personagem que toma um rumo interessante e tem um final ao menos notável.
A “Fundação” tinha tudo para representar uma grande ameaça para o filme, e ainda que não tenham os canibais deformados da franquia original, a nova “mitologia” criada não se mostra o suficiente, uma vez que muita coisa é apenas sugerida, e a gente fica com a sensação de que faltou algo. Isso é uma estratégia que muitos filmes usam para deixar ganchos para continuações, porém o desenvolvimento dos vilões foi tão raso que no fim tudo é esquecível. O design dos personagens é interessante, com máscaras assustadoras e personagens que falam um dialeto diferente, mas no fim das contas os vilões são muito caricatos. O personagem do Bill Sage, por exemplo, é tão expressivo quanto uma porta!
Talvez a molecada de hoje em dia ainda consiga se divertir com Wrong Turn: Foundation, pois embora ele tenha diversas falhas de roteiro, tem bons efeitos práticos e gore rolando solto. Porém, no máximo, essa diversão é passageira, com uma oscilação entre momentos de tensão e cenas que embora façam parte da continuidade da história, pouco acrescentam à trama.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pois é, Pânico na floresta: A fundação pode até ser melhor do que um ou outro filme da franquia – mas isso está muito longe de ser um elogio, tendo em vista a qualidade questionável de várias sequências. No geral, o filme de 2021 é bem ruim, mas pode servir para quem nunca viu um filme slasher ou está começando a assistir filmes de terror.
O filme não funcionou por que tiraram os canibais que eram os causadores da adrenalina do filme.