A ideia de uma ascensão se constrói a partir de um reconhecimento de padrões. Padrões, nesse caso, de qualidade e também de quantidade: a alta quantidade de coisas boas para se assistir. Mas qual o porquê de estarmos neste momento onde a todo instante uma (grande) produção televisiva (majoritariamente norte americana) salta aos nossos olhos?
Será que o dinheiro investido é o principal motivo? Ou existem outros motivos como a chacoalhada que o audiovisual “On demand” deu no sistema? Será que temos tantas produções de qualidade porque existem outras dinâmicas com os atores? a atuação? Bom, antes que isso fique esquizofrênico demais, me permita traçar um breve panorama – Permita-me te dizer o porquê de a atual era ser “a era de ouro” para os viciados em séries de TV.
Desde dos tempos do auge da AMC com produções super premiadas como Breaking Bad, Mad men, a pouco conhecida, The killing; a ainda mais desconhecida Humans (vale ressaltar também a qualidade das séries cômicas da NBC nesse mesmo tempo); desde a enorme quantidade de ótimos telefilmes, minisséries e séries da HBO, desde desse tempo (por volta do começo da segunda parte da década de 2010… 2005/2006) a televisão norte-americana, a mais consumida em todo mundo, vem numa torrente de séries e a Netflix e outros serviços “On demand” como Hulu e o Amazon Prime video só acrescentaram mais e mais a esse mar de produções!
Para vocês terem uma ideia, segundo estudo divulgado pelo instituto de pesquisa do FX Networks, o ano de 2018 viu um total de 495 séries fictícias produzidas, com o número de produções de serviços online sendo quatro vezes maior do que era há quatro anos.
O “Peak TV” continua a sua rota de ascensão. Em 2018, foram 160 séries produzidas por serviços online, 146 por canais abertos, 45 por emissoras a cabo premium e 144 por canais a cabo básicos. O número total de séries fictícias em produção aumentou 27% em relação a 2014. O streaming é quem mais ajuda no crescimento da Peak TV.
Na TV aberta e nos canais da TV paga, a produção de séries foi estável, de um ano para o outro. Foram exibidas 127 séries nas cinco redes norte-americanas em 2017 contra 118 em 2016, 130 contra 131 nos canais básicos da TV por assinatura e 25 contra 23 entre os canais de conteúdo premium.
E todos esses números, essas informações muitas vezes nos deixa meio transtornado, com “FOMO”, sigla de Fear Of Missing Out (o medo de estar perdendo algo). Realmente, acompanhar todas essas séries é impossível (há muita coisa ruim, mas também muita coisa boa).
O termo Peak TV, cunhado e popularizado em 2015 por John Landgraf, presidente do FX Networks, estabelece que o mundo está vivendo uma realidade em que a TV está sobrecarregada de produções em variadas plataformas. Neste post, eu não venho com respostas, na verdade, eu venho com mais perguntas: será que esse contexto fértil de excelentes produções como Mindhunter, The OA, Arrested Development (sei que a qualidade baixou, mas mesmo assim é ótima), House of Cards, Glow entre outras (na Netflix), sem falar no sucesso de The handmaid’s Tale que impulsionou o Hulu (que também tem “Fugitivos” da Marvel)…
Enfim ressaltar a qualidade das séries do streaming e da TV aberta norte americana é uma tal impossível quanto assistir. Talvez a própria qualidade em quantidade, dessas séries, faça com que as emissoras concorrentes se empenhem o suficiente para produzir em um outro patamar.
Será que o fato de alguns atores e atrizes que já tem uma certa idade (e venhamos e convenhamos Hollywood descartou) e não conseguem tantos papéis como antigamente estarem migrando para a telinha tem a ver com a qualidade? Bom, acredito que tudo começa e termina naquilo que os EUA fazem e lutam sempre: o dinheiro. Com dinheiro, chegam bons diretores, roteiristas, atores e atrizes; além de bons diretores de fotografia e outros profissionais do audiovisual que possam vir a contribuir com a produção!
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